Devaneio

Devaneio - Crônica

Década de quarenta, em minha cidade era costume dos jovens ficarem na praça aos domingos, esperavam o horário do início do santo ofício. Observavam as donzelas e eram os últimos a entrarem dentro da igreja. Só entravam após a subida do padre ao altar. Ali conversavam olhando as moças que iam à missa. Cada um tinha seu sonho, algum mais ousado que o outro. Os sinais da idade apareciam em cada um e os hormônios gritavam pelos poros. Aquela blusa em organza branca, delicada transparência ia caminhando pela praça e insinuando mostrava tudo, nada mostrava e eles a comiam com os olhos. Ela nem se tocava ou fingia muito bem continuando seu passeio até a igreja matriz. Gostava de assistir a missa das dez. Caminhava parecendo não prestar atenção. E eles sonhavam deixando os olhos pousarem nos botões perolados semi-abertos, desejo tomava conta dos pensamentos e os jovens mancebos suspiravam imaginando fronteira guardada de caminhos inexplorados. Nenhum ousava se aproximar. Saulo deixava seus olhos parados sobre os botões entreabertos, imaginava sua mão passeando através dos limites da blusa, cobiça saltava aos olhos, um apetite de possuir e gozar o deixava vermelho. Sua mão ardia dentro dos bolsos das calças imaginando bolinar mamilos durinhos, brincar, acariciar aquela pele alva e macia. Ele admirava o andar leve daquela saia justa e a dança dos longos cabelo negros e soltos que se dirigiam para a igreja. Sonhava beijar lábios vermelhos e carnudos, invadir aquela geografia e explorar vales, montes e planícies.

Sedução o fazia tremer e ele a seguia querendo comê-la com os olhos durante toda missa, fantasiando seu desejo sexual!

Marta Peres

Marta Peres
Enviado por Marta Peres em 07/08/2009
Código do texto: T1741049