Cegos somos todos nós....

O filme aborda a emergência de uma inédita praga de uma repentina cegueira abatendo uma cidade não identificada, inexplicável e incurável. Tal "cegueira branca" — assim nomeada pois as pessoas infectadas percebem em seus olhos nada mais que uma superfície leitosa — manifesta-se primeiramente em um homem sentado no trânsito e, lentamente, se espalha pelo país. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos, pela obscuridade, a meros seres lutando por seus instintos. À medida que os afectados pela epidemia são colocados em quarentena, em condições desumanas, e os serviços estatais começam a falhar, a trama segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afectada pela doença que cega todos os outros.

O filme nos mostra o desmoronar completo da sociedade que, por causa da cegueira, perde tudo aquilo que considera como civilização mais que comentar as facetas básicas da natureza humana à medida que elas emergem numa crise de epidemia. O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais, e a história torna-se não só um registro da sobrevivência física das multidões cegas. Mas também das suas vidas espirituais e da dignidade que tentam manter. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente

É esse olhar que nos falta, vivemos numa sociedade indiviadualista, quase desumana. O egocentrismo invade... Jamais reparamos nos outros e se olhamos não enxergamos com o olhar da alma, pois não vivemos com calma. Não vemos a dor, os sentimentos, as sensações se instalando nas pessoas. Nunca entendemos o que perpassa o outro individuo e jamais sentimos o silêncio mesmo que ele seja recheado de palavras não ditas e suspiros calados...E as vezes, em variadas vezes, as expressões são murmuradas, faladas, ditas ou até mesmo gritadas, Entretanto, ninguém escuta... Então cego somos todos nós...

O Ensaio sobre a cegueira mostra a profunda humanidade dos que são obrigados a confiar uns nos outros quando os seus sentidos físicos os deixam. Mas, poderiamos confiar? É pergunta que me faço, desde que vi este filme, se as vezes não podemos confiar nos outros mesmo enxergando, Quantas e quantas nos pegamos conjecturando a respeito das pessoas em que convivemos. Buscamos a verdade por trás do olhar, dos gestos e das palavras ditas ou não ditas. Não acreditamos simplesmente, queremos a prova e a contra prova para crer, Sim, parece queremos encontrar a contradição e não a verdade. Quem sabe devêssemos nos libertar como no filme e nos deixar levar pela vida crendo no outro.. Talvez... Faltem-me ilusões,utopias...

30/07/2009

Isa Piedras

Marisa Piedras
Enviado por Marisa Piedras em 08/08/2009
Código do texto: T1743384
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