Bocas Benditas

BOCAS BENDITAS

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Uma das coisas mais difíceis de se compreender é como as pessoas entendem um fato que se passa no interior de outra. Aquelas emitem conceitos que na verdade são mais é preconceitos porque, com poucas palavras ditas, umas feições feitas, alguns trejeitos fugidios e algumas frases incompletas entendem que está construída sólida base para aqueles conceitos, os quais, em sua grandíssima maioria, mais confundem o que já está confuso e nadíssima iluminam aquela entrevada situação interior.

Dá para a gente saber o porquê? Sim, claro!

É uma questão de colher.

A colher sábia só põe mais açúcar no açucareiro quase vazio enquanto que a colher presunçosa ou até mesmo ávida em prestar ajuda sem ter sido convidada acaba confundindo sal com açúcar só porque ambos os ingredientes culinários são brancos e de textura similar.

E o resultado provocado pela segunda colher é típico: dois possíveis novos ingredientes, o sal doce ou o açúcar salgado.

Mas... Não se assuste à toa!

Certamente você já experimentou algum doce com um leve toque de sal, feito de propósito assim mesmo e com objetivo de “quebrar” o excessivo sabor adocicado do confeito. Ou então, já provou um salgadinho com uma leve pitada de açúcar. Há muitos exemplos, mas o pão nosso, de cada dia ou não, pode ser a citação mais trivial.

A estória é tão simples que para pular de boca para nariz basta uma fração de segundo.

Quantos narizes já não foram cheirar odores que nem de longe lhes diziam respeito!

Quantas colheres já não foram enfiadas em sopas erradas!

Voltando à estória da língua: às vezes, mesmo sendo de trapo, acaba querendo fazer o papel da língua de ouro, aquela que se manifesta quando é convidada, na hora certa e ajudando a falar coisas também certas, fundamentadas em raciocínios previa e sensatamente articulados.

E a situação interior, como é que fica?

Ora, fica na dela, realizando seus movimentos de fala quando finalmente percebe que em boca trancada só adentram moscas distraídas e/ou enxeridas!