PARREIRA: CARRASCO PREDESTINADO

Não que eu acredite nessa bobagem de predestinação, mas, quando o tempo entre o presente e o que se espera é tão exíguo, nos arriscamos a prever coisas...

De futebol e bunda de criança, já dizia o filósofo, nunca se pode esperar nada... Ô filosofada ruim essa... Mas, já que me serve para introduzir para o que eu quero dizer:..

- Duas mortes significativas aconteceram recentemente: a da Velhinha de Taubaté, ocasionada pela queda do Palloci (é assim que se escreve? – Palloci ou Palocci?) e a morte da minha crença no futebol depois da Copa da França. Que péssimo momento para lembrar disso, hem?... Mas como dizem: brasileiro tem memória curta...

– Naquele tempo, o “Fenômeno” andou cambaleando em campo o tempo inteiro e nem com o melhor banco de reservas do mundo o Parreira o substituiu: o resto da história já é conhecida, pelo menos a oficial...

Há gente que jura que o dinheiro não compra tudo, do mesmo jeito que há gente que jura que não sabe de nada, do mesmo jeito que pensamos que não, mas, que teremos todos os “sanguessugas” ou ex-mensaleiros de volta às urnas nas próximas eleições... Hoje mesmo eu vi o Ministro do Turismo fazendo turismo no meu saco cheio! Aqueles vinte minutos de “fama” no horário nobre, comprados às custas do nosso suor para dourar o que eles têm de “melhor” para nos representar no poder...

Então, Parreira, uma coisa te resta: matar-nos. E isso é certo: dois tipos de morte nos esperam pelas tuas mãos:

Trinta tipos de medos me assaltam quando vejo as nossas estrelas tão brilhantemente coroadas de “coroas de ouro”, sejam pelas mãos das cervejarias, sapatarias, camisarias, telefonias, chicletes ou coca-colas da vida e sabendo que a vida é curta e ganhar dinheiro é agora, que pouco se importariam por um jogo da política internacional ou financeira, para quem todas as dores do mundo são apenas uma questão de marketing e de tempo para esquecer...

A morte que eu gostaria de morrer se daria até nove de julho de tanto torcer, roer unhas, ganhar de um a zero, dois a um – de virada... Torcer pela derrota do outro time da mesma chave... Ganhar com um gol contra de um desgraçado zagueiro no cumprimento do seu dever entre ronaldos e cacás... E, finalmente, cinco quilos mais magro, apesar de toda a cerveja e pipoca, gritar: – Hexa – Hexa! – Hexa!... – A Morte de pura alegria...

A outra, a que não queremos, é que mates o Zagalo de tristeza... Ele, eu e milhões de brasileiros também: de alegria sim, de tristeza, não. Ele não merece e nós também não...

P.S.: Só para não ser tão cruel com o Parreira e para que ninguém faça um juízo errado sobre o que escrevi, quero ressalvar que penso que morrer de alegria faz parte do nosso livre arbítrio: lembram do Chico Xavier na Copa passada? – Partiu feliz, no meio da alegria de todos... De novo não quero dizer que “o bem“ tende a morrer na alegria do povo, para que ele não sinta tanta dor, mas, que é preciso ter cuidado com “o mal”, esse sim premedita lançar suas raízes sanguessugas, vampirescas, perversas, cíclicas, enquanto o povo está anestesiado pela alegria...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 13/06/2006
Código do texto: T174798
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