Parecem que sabem, parece que fazem, parece que acredita

Semana passada recebi de um amigo, e-mail de uma entrevista com o renomado Médico Psiquiatra, Conferencista e também Consultor Organizacional Roberto Shinyashiki. O e-mail incitava à reflexão. Pois bem, refleti sim sobre o assunto e acabou até sendo o mote do artigo desta semana. E por achá-la muito interessante e pertinente, fiz uma espécie de resenha da entrevista e passo a compartilhá-la com você, amigo leitor.

Bem, o teor da entrevista era sobre a importância exacerbada que, nos dias de hoje, damos às aparências. O entrevistado fala algo sobre “Burros Motivados”, com o que define pessoas que hoje são motivadas a ocuparem funções em empresas, que na verdade não estão preparadas para elas. É a tal da motivação incauta, imprudente, que tentam incutir na cabeça da gente, sem um mínimo de lucidez.

Hoje em dia, as pessoas em todos os setores de suas vidas, ou seja, no trabalho, na escola, na vida social e até muitas vezes, no próprio convívio do lar, “se vendem” pelo que não são. Fazem um marketing pessoal apenas para satisfazer o que os outros esperam delas, o que a sociedade, o patrão, os amigos, o cônjuge e até mesmo os filhos esperam que elas sejam, ou façam, ou digam. Ninguém mais é autêntico, verdadeiro, límpido. Ninguém mais é! Somos apenas um produto que precisa ser vendido e para isso precisa de muito marketing, ou perecerá, não será aceito no mercado. Temos que parecer que somos bons em algo, parecer que gostamos de fazer tal coisa, parecer que acreditamos nisso ou naquilo. Parecer, parecer, parecer...

Esse negócio de ter que usar máscaras o tempo todo, representar o tempo todo, tem sido muitas vezes, a causa das depressões, sempre citada como sendo o mal do século. E esta atitude de ter que ser o que não é, tem nos levado a esse caos, da intolerância, da arrogância, da insensatez.

O Dr. Shinyashiki cita ainda um exemplo sensacional onde usa a figura enigmática da Rainha Elizabeth. Ele diz: “Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a Rainha Elizabeth tendo uma crise de diarréia durante um jantar, no Palácio de Buckingham”. Sim, as rainhas, os reis, as lindas atrizes, grandes artistas, nossos heróis enfim, têm crises de diarréia! Choram, falham, têm crises existenciais, dor de dente e até tiram “caca” do nariz! São as máscaras meu amigo, são as máscaras... Mas é claro que a regra não é geral. Existem pessoas que são autênticas sim, são verdadeiras e com isso são muito mais felizes. Se você um dia não passar em uma entrevista de emprego porque não mentiu, comemore! Você faz parte das pessoas que terão o sucesso pelo que realmente são. Pessoas que não se deixam moldar pela imposição da sociedade. Mas veja, temos que ter bons empregos sim, temos que lutar por uma boa qualidade de vida, claro, temos que ter dinheiro sim! Não vou fazer aqui um discurso hipócrita. Mas que tudo isso venha pelo seu talento, que cada um de nós temos o nosso próprio. Talentos criados um dia esmaecem, somem, acabam. Talento nato é seu, ninguém faz aquilo melhor que você! E o reconhecimento vem, com certeza. Portanto, o ensinamento que o Dr. Shinyashiki nos deixa é que, tente ser você mesmo, sempre. Você poderá não agradar o mundo, mas vai agradar a você. E quando você começa agradando a você, com certeza, vai acabar agradando o mundo e não precisará parecer ser, o que não é!

-Crônica publicada no jornal Voz da Terra, da cidade de Assis, em 11 de agosto de 2009.