Não basta talento

Quando se dedica à arte, o homem, não pode apenas ter talento.

O conhecimento da técnica é indispensável, seja no ramo artístico que for. Assim, um pintor deve saber cuidar dos seus pincéis, limpando-os a cada final de trabalho, o escultor cuida do seu cinzel. O trabalho deve obedecer a um ritual imutável. A arte é exigente.

Na literatura, que me vou prender, são os fatos que devem ser levados em consideração: clareza nos textos, gramática cuidada, linguagem direta e concisa. O gongorismo é ridículo. Evitar ao máximo citações, salvo quando se escreve sobre matéria técnica. Costumam cansar e transmitir o pensamento alheio. Os textos assim são sempre fracos. Mostram a incapacide de quem escreveu. Não sabendo expor suas idéias com clareza, o autor confia nas suas citações. Ora, o pensamento não é dele, e, portanto nada cria.

A autencidade, sempre baseada em fato real ou imaginário de quem escreve, deve estar acima de tudo. E temos o texto bruto.

Ora, a pedra por mais rica ou pobre que seja, não lapidada continua bruta.

É o que acontece. Terminado um texto, ele deve ser lido e relido com cuidado e carinho. Se o julgamento é bom, trata-se de limpar o quanto antes todo o corpo da matéria. Repetições, inevitáveis erros de digitação, e outros defeitos, devem ser eliminados.

E a etapa próxima é a mais delicada. Trabalhar o texto, usando palavras ou frases mais adequadas. Não deixar que o leitor se perca com derivações, nem que tenha que ficar consultando dicionário. A linguagem direta e simples convence mais do que a rebuscada, leva o leitor, enquanto que o gongorismo o afasta.

Como autores nacionais, os melhores exemplos são Jorge Amado e Cecília Meireles. Guimarães Rosa e João Ubaldo são excelentes, mas cada um tem sua opinião. Os estrangeiros que verdadeiramente marcaram época são Shakespeare e Hemingway, homens que mergulharam em definitivo na alma humana, entendendo a mesma, com profundidade. Seus leitores logo percebem a leitura rica e sem problemas para ser entendida.

Li certa vez, não me recordo onde, que um texto bonito pode ser comparado a bela mulher. Uma maquiagem bem feita, e ela está mais fulgurante.

Trabalhar o texto com carinho, aprimorando-o, usando palavras e frases com todas as suas expressões possíveis, é imposição; todas as artes exigem paixão dos que nelas trabalham.

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 14/08/2009
Reeditado em 14/08/2009
Código do texto: T1753404
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