Quando me zango?
 
Seria melhor não dizer, mas já que perguntaram... Pois bem, lembram daquele personagem Saraiva e sua tolerância zero? É desta zanga que falo, não de todo feroz, mas ainda assim "irada".
         
Ninguém nasce sabendo, mas há certas situações que não cabe ensinar, muito menos repreender. Aí é preciso tolerância máxima para não sair fumaça pelas orelhas. Uma estagiária estava estudando sobre o direito à licença e ao salário maternidade. A norma, para fazer a diferença básica entre aborto e parto, determina que seja considerado parto todo evento que ocorrer após o sexto mês de gestação. Conclusão da Barbie Chapinha: 
          “-Então, se a ‘gestante grávida’ com seis meses quebrar a perna, ela pode sair em licença maternidade?”. 
          Já que estou falando de fatos relacionados ao trabalho, semana passada uma colega foi assaltada por volta das seis e meia da manhã quando se dirigia à academia. Além de ser mais uma prova de que frequentar academia de ginástica pode ser prejudicial à saúde, sofreu algumas escoriações, roubaram-lhe a bolsa e um casaco de couro. Alguns dias depois, a Barbie Chapinha ao vê-la com um casaco marrom, perguntou-lhe: 
          “-Mas não foi esse o casaco que os ladrões roubaram?”. 
          Resposta: 
          “-Sim. Os ladrões foram lá em casa devolver o casaco e perguntar se eu precisava de mais alguma coisa”. Agora imaginem  as chispas que acompanharam a resposta.
          Quando eu trabalhava em outra cidade, viajava uma hora e meia para ir, outro tanto para voltar, e no metrô presenciava cada uma... Certa vez, a vítima era a mãe tentando diálogo com o adolescente lacônico. Ela encontrou uma mancha na calça dele e perguntou-lhe se ele sabia a razão da mancha, ao que o “aborrecente” reagia erguendo os ombros e com cara de “não estou nem aí para o mundo”. Aquela mãe, que parecia não desistir do futuro da oratória, continuou indagando e fazendo comentários. Consegui ouvir vários “hã-hã”, um “ah-tá”, com interjeições e muxoxos que só a pobre mulher sabia interpretar.
        
  Há um amigo que esclarece ser nosso dever agradecer, pois para não ouvir isso teríamos que ser surdos. Só tenho receio que alguém com tolerância zero se zangue aqui por ter um dia aprendido a ler.
 
 

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Quando me Zango
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