Não entendi, mas aplaudi.

Convidado pela família de um jovem para assistir a defesa de sua tese de doutorado na área de informática, confesso que, pelo emprego de termos predominantemente técnicos, não entendi a sua explanação, mas o aplaudi pela brilhante exposição. Dava para perceber seu domínio sobre o tema, pelo que foi aprovado com distinção, em razão de trabalhos apresentados em âmbito internacional, devidamente reconhecidos como de excelente qualidade. Ainda considerando outro critério, o de ter conseguido concluir o curso em menor tempo possível, sempre com notas acima da média, a própria banca examinadora reconheceu que não poderia ser outra a sua qualificação, até porque a comunidade externa já o havia aprovado, pelos excelentes trabalhos publicados e suas brilhantes palestras no Brasil e no exterior.

Diante daqueles termos técnicos, a exemplo de “interoperacionalidade” dos sistemas, lembrei-me dos velhos tempos lá do meu interior, quando o candidato político levava para lá “os homens da capital”, para fazerem os seus empolgantes discursos nos palanques, por ocasião dos comícios eleitorais. Ao descer para cumprimentar os eleitores, perguntava se gostaram do discurso do seu deputado, senador ou mesmo governador. O matuto, usando da sua franqueza, respondia: “Pra falar a verdade, eu não entendi nada do que o doutor falou, mas que falou bonito, falou”. E tome aplausos.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 16/08/2009
Reeditado em 16/08/2009
Código do texto: T1756915
Classificação de conteúdo: seguro