Açúcar
A empresa estava em festa:
Finalmente chegara o dia tão esperado para receber o ilustre palestrante. Todos os clientes foram convidados, e, pelo tema da exposição, todos confirmaram presença.
Pensados todos os detalhes para esse grande dia, ocorreu um pequeno problema, facilmente contornável. Explico: a copeira contraíra uma forte gripe e não poderia oferecer seus préstimos, justamente naquele dia.
Problema posto, solução a caminho. Contratar-se-ia uma substituta para o evento.
O fato é que não se achava ninguém para o serviço.
Todas as copeiras da cidade estavam empregadas, e as que não estavam não queriam trabalhar em sistema “free lancer”, então estávamos nos desesperando, quando alguém imaginou a seguinte possibilidade: pegar a faxineira, meter nela um uniforme de copeira e ensinar o básico para ela suprir a necessidade premente em nosso certame.
Como foi a única ideia possível, assim foi feito. Compramos um vestido pretinho com detalhes brancos, aquele aventalzinho de copeira e pronto. Explicamos detalhadamente o serviço, o qual consistia simplesmente em servir cafezinho aos que quisessem, oferecer açúcar, adoçante e o que mais necessitassem.
Duas horas antes de chegarem os convidados ouvimos um resmungar na copa (na verdade o reservado onde a copeira coava o café) e fomos conferir.
Reclamava a pobre faxineira convertida em copeira o trabalhão que demos para ela. Ela pegava os saches de açúcar do pacote e despejava o conteúdo no açucareiro, resmungando que se queríamos economizar devíamos comprar um pacote de um quilo de açúcar, e não aqueles pacotinhos, só para dar trabalho para ela.
Nem preciso dizer que o evento aconteceu, mas preferimos nos resguardar. Colocamos a faxineira para faxinar, enquanto a secretária fazia as vezes de copeira improvisada.
Foi um sucesso!
E o açúcar foi servido nos saches mesmo.