O Critério da Impessoalidade

Constituído de um lado racional e outro emocional, o nosso cérebro pode ter dificuldade em manter o equilíbrio entre a razão e a emoção na hora de julgar um colega, um amigo ou mesmo uma pessoa da família, pelo grau de amizade. É preciso então ter consciência da questão a ser considerada, a fim de que prevaleça a imparcialidade, sem o que descaracteriza o senso de justiça.

Para não ir muito longe, vou ficar com o exemplo do Senado, onde os senadores, na hora de julgar os colegas, ou seus pares, como eles costumam dizer, agem mais emocional ou politicamente, muitas vezes afrontando a opinião pública. É verdade que mesmo a pior das democracias ainda é melhor do que a melhor das ditaduras. Qualquer nação que já passou por esse regime não pretende, jamais, voltar os tempos da repressão.

Mas, com todo respeito aos leitores, permito-me lembrar um caso que ocorreu no Senado, durante a ditadura militar, mais precisamente no governo do Presidente Geisel. – Um senador da república, envolvido em escândalo de corrupção, ao ser julgado pelos seus colegas senadores, foi absolvido, contrariando a opinião pública, que tinha conhecimento dos fatos que o levaram ao julgamento. Tão logo o presidente da república tomou ciência da absolvição, baixou um daqueles conhecidos “Atos Institucionais”, determinando a cassação do senador e o fechamento do Congresso, sob a alegação de que “o povo brasileiro merece respeito e não pode aceitar o descalabro da corrupção”.

Se agora estamos vivendo uma democracia plena, cabe ao povo dizer se concorda ou não com o que está ocorrendo no Senado, agindo com o critério da impessoalidade ou da imparcialidade em relação a este ou aquele senador. As enquetes estão por aí. É só responder, usando o lado racional do cérebro, o da lógica e da razão.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 20/08/2009
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