O que eu mais gosto são as artimanhas.

(Texto da Série Só muda o endereço – crônicas de família)

21/08/09

Quantas idéias são necessárias até que a melhor de todas surja em meio ao turbilhão de pensamentos inviáveis? Quantas soluções possíveis para o problema que não é bem um problema?

Você está quebrando a cabeça para descobrir uma forma de me fazer feliz. A festa é só uma desculpa. Então vamos fazer assim: Eu penso de cá e você pensa daí.

Será que pagar em suaves prestações vai ser possível? A gente arruma uma gravata bem grande, igual àquela que o Didi Mocó usa em seu programa. Os pedaços bem pequenos vão valer uma fortuna. Poderíamos vender o mesmo pedaço para mais de uma pessoa. O que você acha disso?

Conspirações familiares são tão poderosas quanto os planos da máfia italiana. Todos sentados em volta da grande mesa dando palpites e rindo da opinião alheia. Cada qual com a sua noção de ridículo. Nós somos violentos, sabia? Comemos amendoim e tomamos guaraná. Nossos hábitos metem medo.

Mas e aí? Será que podemos marcar a data? Estou pensando de cá, mas nada me vem à cabeça. Acho que não sou tão criativa quanto o resto do meu mundinho. Aquele mundinho que me cerca de mimos quando eu preciso de atenção.

Estou tentando arquitetar o plano perfeito. Olha só o que você acha: Vamos nos valer do talento musical desse bando de malinhas que temos na família para tocar um violão bom de farra. A decoração fica por canta do lugar que tudo TEM. Lá tem de tudo, e tudo lá tem. Fotógrafo? A gente chama o de sempre. O cara da máquina ultra, super, big, mega moderna e que adora amendoins.

Cheguei à conclusão que o tamanho da sua cabeça te ajuda a pensar melhor. Você sempre tem idéias incríveis. E aquela do contrato de risco?! As coisas que saem desse cabeção poderiam ser engarrafadas e vendidas a peso de ouro.

Convites contados e recontados. Já rabisquei a lista até furar o papel. Você não vai convidar a fulana? E o ciclano? Aí meu Deus, ainda tem a beltrana... De onde vêm esses nomes? Mas eu sei que seguranças não são suficientes para impedir a presença da gangue de penetras profissionais. Sei disso por fonte segura, pois o chefe da quadrilha mora na minha casa. “Você tem convite” eu disse a ele. “Eu não quero ter convite” foi o que ele me respondeu.

Então é assim: O universo conspira quando se tem família. Conspira a seu favor com planos cuidadosamente traçados por aqueles que te amam. Essa é uma vantagem e tanto.

Só um lembrete: O garrafão de vinho está proibido. Noivas não podem dançar como Joelmas. É um mico imperdoável.