Mentindo pra si mesmo.

Michele namorou João Pedro durante o colegial inteiro, os dois sempre estavam juntos, adoravam conversar um com o outro, muita gente considera um exagero, afinal onde um estava o outro também estava, era um amor lindo, cheio de carinho, respeito e afeição.

O colegial acabara ambos iriam para a faculdade Michele estudaria medicina em São Paulo e João Pedro cursaria Direito em Brasília. Como sabiam que namorar a distancia era muito difícil resolveram dar um tempo, afinal sabiam que se amavam, mas como uma ultima despedida combinaram que na noite da formatura perderiam a virgindade juntos.

Tudo combinado, quarto no hotel, carro do pai de João Pedro, Michele sentia-se nervosa, se arrumou com o maior capricho.

Finalmente chegara a hora, os dois subiram no quarto e começaram a se beijar, nunca tiveram muita intimidade, pois João Pedro se dizia sempre muito envergonhado.Beijo daqui, carinho dali, tudo com muito respeito, mas não havia aquele fogo que Michele via nos filmes e que sua amigas (bem mais experientes) lhe contavam, percebendo o desconforto de João Pedro, Michele inventou uma desculpa disse que estava cansada e não se sentia pronta, resolveram dormir ali mesmo, mas sem fazer nada, sentiram que aquilo podia esperar.

O tempo passou, Michele era uma médica formada, acabou se apaixonando novamente, ficou noiva, já não era mais virgem, às vezes pensava em João Pedro e uma duvida sempre lhe vinha a cabeça, afinal conversara com suas amiga a respeito de sua tentativa, mas elas sempre afirmavam que João Pedro era gay, Michele achava isso um absurdo, afinal ela nunca vira João Pedro dar em cima de algum homen, e por diversas vezes percebia que ele a desejava.

O casamento de Michele estava quase chegando, mas ela sentia um vazio dentro de si que não conseguia explicar de jeito algum, então às 3 da manhã pegou seu carro e saiu.

Perambulou a cidade toda acabou parando em frente à casa dos pais de João Pedro, sentiu uma imensa vontade de descer e resolver aquilo que ela jamais entendera durante anos. Bateu na porta e foi um rapaz muito educado que lhe atendeu, chamou João Pedro que demonstrou grande felicidade em vê-la, os dois saíram para conversar na varanda.

Relembraram muitas coisas boas e divertidas, Michele por diversas vezes sentiu vontade de beija-lo, mas se conteu afinal João Pedro parecia meio distante, então Michele tocou no assunto mais esperado e perguntou por que naquela noite nada acontecera? Encabulado João Pedro não sabia o que falar ficou quieto por alguns minutos. Michele impaciente perguntou novamente “Por que não deu certo? Por que naquela noite você não me desejou?”. Encostado na Parede João Pedro percebeu que não havia como fugir daquele assunto olhou nos olhos de Michele e com toda franqueza respondeu “Eu tentei muito Michele, você é a garota mais perfeita que eu conheci, amo conversar, ficar junto de você, mas não sinto atração suficiente”. Michele não absorveu direito o que escutava, talvez não quisesse entender o que acabara de ouvir, confusa se levantou rodeou João Pedro diversas vezes apenas repetindo “eu te amava, eu te amava, eu te amava”. João Pedro sentiu-se mal. Levantou-se, segurou Michele pelo braço e disse “Michele eu sou Gay, a culpa não é sua e nem minha, talvez eu sempre soubesse, mas não me assumia, encontrei em você a mulher perfeita, com quem eu me casaria e teria uma vida normal, mas aquilo tudo já estava me sufocando, na faculdade conheci o Edu, aquele que te atendeu, contei nossa historia então ele me abriu um mundo novo, hoje eu sou feliz, tenho um companheiro maravilhoso, por isso fiquei feliz com o seu casamento, afinal você merece ser tão feliz quanto eu”. Michele sentou-se, cobriu o rosto, sabia perfeitamente o que estava acontecendo, não podia mais se sentir culpada tirou um peso dos ombros, fitou João Pedro nos olhos e pediu um abraço que prontamente lhe foi atendido.

Hoje Michele se casou tem dois filhos o mais velho e afilhado de João Pedro, e acabou entendendo a condição do grande amigo e descobriu que ninguém é feliz sufocado por uma mentira.

Thaís Soares
Enviado por Thaís Soares em 16/06/2006
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