Cadê o tomate da minha pizza??

É incrível como as coisas se transformam com o passar dos anos. E as mudanças ocorrem tão desapercebidamente que, muitas coisas sequer nos lembramos de como eram antes e, com mais certeza ainda, não saberemos jamais, quais as próximas mudanças que teremos de encarar.

Noutrora (uso esta palavra, pois traz nostalgia), muitas coisas eram bem melhores, em muitos aspectos e deixaram saudades, mas os tempos passam, modificando muitos ícones das gerações anteriores.

Pois bem, quem se recorda, ou já ouviu falar que o rolo de papel higiênico tinha quarenta metros?? Pois é isso mesmo, quarenta metros para podermos usar à vontade, quando estivéssemos com aquela diarréia brava. Tínhamos toda essa metragem para nos limparmos, sem a preocupação de que o rolo fosse acabar logo. Hoje em dia, só nos dão trinta míseros metros, que não são suficientes sequer para limparmos o... nariz.

Isso aconteceu na época da camuflagem, quando as empresas simplesmente diminuíam a quantidade dos produtos e vendiam pelo mesmo preço. Aconteceu em quase todos os produtos da época.

Depois, com uma enorme quantidade de reclamações, o governo interferiu, dizendo que tais mudanças deveriam ser avisadas com antecedência. Grande erro, pois as empresas entenderam que tinham o direito de abaixar as quantidades, sendo que o preço nunca foi menor do que era.

Muitos produtos seguiram este caminho desdenhoso. Se fizermos os cálculos do papel higiênico, a cada três rolos com a metragem reduzida, um quarto surgia, ou seja, começamos a pagar por 120 metros, o que antes gastávamos com 160.

Devemos ser saudosistas para lembrar que cada pote de iogurte tinha 150 ml, e hoje, só encontramos 90 ml em cada um. Os pacotes de bolachas e as barras de chocolate vinham com duzentos gramas, agora só temos cento e setenta, mal pesados. As caixas de bombom eram de meio quilo e não o são mais.

E o litro de óleo então????? Não, este não mudou. Antes tinha novecentos mililitros e continua com os mesmos.

Isso foi mudando, mudando e mudando.

Muitas outras coisas tiveram o mesmo caminho. Mas o que muito me enoja é ver que tiraram o tomate das pizzas sem o menor aviso, sem a menor consideração pelo amante da redonda mais gostosa do mundo.

Como era bom ver as rodelas do tomate em cada fatia de pizza, tornando cada mordida enigmática, nos trazendo a dúvida se a rodela cairia, se seria devorada inteira ou em pedaços ou se alguém a tiraria para não comê-la.

Havia um dupla inseparável, o tomate e a azeitona, grande e carnuda, que após tal separação ficou tão pequena que nos sobra espaço nos vão dos dentes para encaixá-la perfeitamente.

Saudade do tempo em que as coisas tinham sentido e se completavam em nossas vidas.