O Bolo Do Namorado
Aninha era apaixonada pelo seu namorado e sempre queria agradá-lo.
Num feriado, ela resolveu fazer um bolo para tomar café com ele.
A moça caprichou. O bolo ficou fofíssimo. Ela o desenformou, enrolou-o num pano de prato bonito, colocou-o numa bolsa de papel, pendurou no guidão da sua bicicleta e despediu-se da sua mãe:
- Mamãe, já vou! A sua benção!
- Deus te abençoe, filha! Vá com Deus!
E lá se foi ela, toda feliz, com as mãos soltas do guidão, como sempre fazia.
- Olha lá, Gertrudes! É a filha da comadre Madalena! Ela só anda assim! Uma hora essa menina vai cair e eu nem quero ver!
Ô boca danada! Há poucos metros dali...
- O que é isso?! Está cego?! Olha o que você fez com o meu bolo!!! Que droga! Tive tanto trabalho! E agora?
- Desculpe, moça. Eu vinha tão distraído. Você se machucou?
- Não, não! Queira tirar a sua bicicleta de cima da minha, por favor!
E ela pensava, enquanto pegava o bolo, debaixo das bicicletas: porcaria! Não sei se volto pra casa... Não sei se vou! Ah, já que estou aqui perto, vou acabar de chegar!
Chegando na casa do amado...
- Dona Maria, vim lanchar com a senhora. Cadê o José?
- Está dormindo. Entre. Acabei de passar um café, agorinha mesmo. Sente-se aqui. O que é isso aí nessa bolsa?
- É um bolo que fiz, mas tomei um tombo e ele quebrou, todinho. Estou com vergonha de tirá-lo da sacola. Estava lindo, mas virou uma farofa.
- Que vergonha que nada! Não tem importância! A gente o come assim mesmo! Deve estar uma delícia!
Anna Célia Dias Curtinhas