Não Rezei no Oratório

Acompanhado por minha mulher, que também não quis rezar, entro no Oratório por volta do meio dia, ali permanecendo pouco mais de uma hora, tempo suficiente para uma cervejinha e um almoço com filé de tilápia, o peixe tradicional do baixo São Francisco, criado em larga escala. Sim, não rezamos, mas comemos e bebemos no Oratório, estranhamente o nome de um Bar e Restaurante localizado às margens do São Francisco, na histórica cidade de Penedo.

Por sua localização privilegiada, ali é ponto de encontro de quem aprecia uma boa cervejinha, contemplando uma bela paisagem, avistando do outro lado do rio a cidade sergipana de Neópolis e o movimento de canoas, lanchas e balsas que fazem a travessia entre as duas cidades. Pela tradição de religiosidade do povo penedense, talvez o nome Oratório tenha surgido como uma espécie de “consola mulher”, para que quando o marido demorar a chegar em casa e ela telefonar perguntando o motivo do atraso, ele possa dizer que está no Oratório, pelo que não há censura. Afinal, rezar pode. De maneira semelhante, aqui em Maceió, há um Bar muito bem frequetado, cujo nome é “O Escritório”, que também serve de uma boa justificativa para o homem demorar a chegar em casa, sob a alegação de que está “No Escritório”, dando a entender que está trabalhando. E haja criatividade do brasileiro, quando se trata de enganar a mulher. Rezar ou trabalhar, eis a solução.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 27/08/2009
Código do texto: T1777363
Classificação de conteúdo: seguro