Saudade de um pai ou amigo

A muitos dias me incomoda alguma coisa dentro do peito, que por presa, não pude saber ao certo o que seja, mas cutuca feito saudade.Hoje, nessa noite chuvosa e sem companhia, é que entendo a dor da separação de meu pai.

Não que esteja morto, mas a lembrança da distância parece que nos mata aos poucos, e desde cedo circunstâncias da vida nos imporam quase três mil quilômetros para um aparentemente simples abraço.

E pensar que na maioria das casas pais e filhos se veem todo dia, apesar de nem por isso terem um bom relacionamento.Eu queria ao menos uma vez no ano poder pedir a benção pessoalmente ao meu.Mas é isto, infelizmente na maioria dos casos os parentes são só parentes, e não amigos, por isso cada vez mais cedo as famílias contendem e se dividem, porque não são famílias, mas tragicamente indivíduos ocupando o mesmo espaço.

Tenho saudade dos quatro meses que morei com meu pai.Tenho saudade da família que nunca tive.Por isso torço para que construa ou mantenha a sua, afinal essa é a base coletiva de grandes sucessos individuais.

Mais do que as embaraçosas ocupações de pai, agradeço os conselhos práticos ou mesmo os silêncios confortantes tipicamente de grandes amizades, saudade é o sentimento que fica, apesar de aliviada com a consciência de que talvez não tivemos tempo de sermos respectivamente pai e filho, mas sem dúvida somos amigos.

Gilmar Santos.

Escritor Gilmar Santos
Enviado por Escritor Gilmar Santos em 28/08/2009
Reeditado em 08/04/2013
Código do texto: T1780149
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