Ironias a parte: a realidade é dura, e a vida de tão dura não dura...

Sentar diante do computador, ver noticias, ler uma crônica, um trabalho da faculdade, ficar de bobeira no MSN: vidinha confortável! Cadeira macia, lanchinho do lado, musica tocando e reflexões chegando por e-mail, tudo caminhando bem, uma vida com certa dose de real e virtual...

A condição de classe média, estudante universitária, bonitinha ou na média, comum, com certo acesso à cultura, com postura critica em algum grau, mas a estagnação vulgo “conformada em seu padrãozinho medíocre” é a imagem da decadência de nossa sociedade contemporânea. Forçada a sair de minha zona de conforto para atender em uma delegacia de mulheres exposta a sentir, com dor, pesar e a sensação dolorida de ver o sofrimento fruto da injustiça social e moral da sociedade se concretizar em rosto inchados por agressão, em traumas e lágrimas. Desacreditadas da vida, mas ainda assim trabalhando para sustentar seus filhos (financeira e/ou emocionalmente, poupando-os), mulheres fortes como não aparecem em filmes, mulheres com cada poro voltado a resistir em nome do amor aos filhos, pais, mas muitas vezes abrindo mão de si mesmas. E não se limita a pobres, muitas com classe social alta, em seus castelos sendo agredidas física e verbalmente, e pior, se escondem com vergonha de denunciar o graduado, o bem de vida que um dia disseram sim em um altar incrustado de hipocrisia brilhante.

Há nas vivências esta possibilidade de ser desafiado a sair do aconchego macio de sua vidinha pacata, para ver nos vândalos e revoltados mais do que adolescente com problema de auto-afirmação, mas um pai preso e uma mãe deprimida por casos como este, para olhar para uma doméstica cabisbaixa não como a analfabeta sem oportunidade, mas a guerreira que costuma ser mais Cortez apesar de seu sofrimento que muita gente que tem tudo do bom e do melhor.

È neste mundo injusto que vivemos, e é neste mundo mau que morreremos, a questão é: desviando das ruas perigosas e não olhando para os mendigos e pedintes, ou buscando meios de tornar algo mais confortável a alguém? Utopia é querer mudar o mundo, mas ser responsável por influenciar, e possibilitar a melhoria do mundo de alguém, é fazer a diferença que, na reação em cadeia que é a sociedade, pode significar evitar a morte de muitos, pode gerar mobilização: amor não se divide, se multiplica. E amar não é sentir afetos profundos, é compadecer, e ter a empatia de reconhecer no outro um ser humano exatamente como você, não apenas que sente dor física, mas emocional, que sente solidão, que sonha e que só tem uma vida.

Ser reconhecido como aquele que estendeu a mão para alguém que estava prestes a cair em um abismo é melhor que àquele que deu um tropicão. Cultivar a compaixão, sentir que a dor do outro te dói é se dar um pouco, é deixar o egoísmo que te mata a humanidade, não é ser bonzinho, é reconhecer que há alguém sofrendo e fazer o que você pode, geralmente isto te torna alguém melhor, mas que não seja sua motivação...

T Sophie
Enviado por T Sophie em 29/08/2009
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