Foi só uma manhã de domingo.
 
Saí cedo e fui para a Praça. Aquela que nós chamamos de Jardim, assim com letra maiúscula. Não foi tão cedo assim. Quando cheguei já estava tudo preparado. O trânsito desviado. Os arcos armados de uma ponta até a outra. A rua transformada em pista de atletismo. Era só mais uma manhã de domingo, mas em nossa Praça todas as manhãs de domingo são especiais. Essa manhã, mais uma.
 
Fiquei encantada com os cuidados que foram tomados. Os atletas já se encontravam esperando o horário para tudo começar, assentados em cadeiras enfileiradas, uniformizados.  O pódio armado. Água e bananas para que agüentassem a espera. Lixeiras que logo estariam abarrotadas. Pais e mães a postos com suas máquinas fotográficas. Fui avisada de que deveria ficar por ali para ajudar na entrega das medalhas. Como se eu não fosse ficar. Não perderia esse Festival por nada no mundo.
 
Logo teve início o Festival com o desfile dos atletas, indo de uma ponta do arco até a outra. Eles chegaram até o final embora alguns tivessem que ser amparados. E ali, a primeira emoção: o Hino Nacional e o Hino de Lavras em um maravilhoso espetáculo em... Libras. Para quem não sabe, Libras é a linguagem de sinais utilizada por aqueles que não conseguem se comunicar pela voz. Mas os sons que suas mãos emitiam certamente soaram maviosos para o coração da Pátria.
 
E aí, durante duas horas, os atletas se apresentaram: corrida (50 metros), lançamento de peso, salto a distância, caminhada, lançamento de peso e caminhada em cadeiras de rodas, tudo conforme manda o figurino, masculino e feminino. E eu garanto porque vi: era como se estivessem participando de uma paraolimpíada. A felicidade em ser premiado – todos ganharam medalhas: de ouro, prata e bronze e ainda de participação. E todos nós, que entregamos as medalhas, ganhamos os abraços mais sinceros de nossas vidas.
 
Sabem como se chama isso? Felicidade. E foi tão simples, tão simples... como um milagre de domingo.
 
 
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