Utopia

O homem quando sabe ser só, quando se é só realmente ele vale

por muitos, vale por milhares de amigos que não são amigos.

A amizade é uma utopia, ninguém é amigo de ninguém.

Ninguém não existe.

O que existe é o nosso eu que nos completa, nossa solidão maior.

Quer queira, quer não é preciso aceitar a verdade como ela é

fria, dura e cruel.

Enfim a verdade no fundo é uma grande mentira.

Nada se constrói sem o amor e nós caminhamos para a

destruição.

Ninguém ama ninguém, nem a si mesmo.

Se pensarmos que amamos

alguém, enganamos.

Ninguém ama o outro, nós nos amamos, mesmo

sem sabermos amar, em sua integra.

Falsidades da vida, máscara que usamos para nos enfeitar, diante certas

fatalidades, simples fuga em relação ao tempo.

Nós só procuramos aquilo que nos interessa, nos satisfaça; nunca

procuramos um outro para nos doarmos,

mas sim, para receber tudo o que temos direito.

No fundo, somos egoístas, tudo queremos da vida, dos outros, mas doar,

ninguém quer, mas doamos assim mesmo sem querer.

Um passo e nosso tempo para ir a busca do outro, o conquistar, o cativar,

mesmo, dissimuladamente.

Doa-se tudo, mas não é honesta, pois doamos o nada que trazemos

dentro de nós, as futilidades, a não vivencia.

E o nada não se constrói e nem se beneficia o outro.

Enfim, doamos sobras de nós para sentirmos humanos em relação

às doações e procura de um outro, ou da própria vida.

Somos egoístas, desumanos, nada doamos a ninguém e nem a nós

mesmos.

Somos nada em eterna construção, nada construímos de positivo a

não ser uma negação eterna de nós mesmos.

E a mascara toma forma de ser em todos os sentidos, nas doações, no

procurar, na não vivencia, nos encontro e desencontros dessa vida, muitas

vezes ignorada em sua integra, vivendo apenas uma grande utopia.

É preciso acordar para o que realmente é.

Para o nosso ser em essência absoluta e total.

15.08.1969

Retirando do baú e percebemos como mudamos a cada dia.

Toda experiencia é valida quando bem coordenada.

zelisa camargo

2006

ZEL
Enviado por ZEL em 20/06/2006
Código do texto: T178799