REENCONTRO

REENCONTRO

A vida tem lances impressionantes e a gente nem sempre, ou nunca, entende os desígnios de Deus. Costumo dizer que se a morte é um mistério, a vida é um enigma. Quem de nós pode prever o que nos reserva o minuto seguinte?

Trabalhei com o Professor José Barbosa em dois momentos diferentes e com ele convivi em inúmeras outras ocasiões.

Foi Professor de Matemática numa repartição onde trabalhei, convidado por mim, após conhecer as suas potencialidades, aluna sua que fui na UEPB, então FAFIG, no Curso de Letras.

Depois, trabalhamos juntos na vizinha cidade de Araçagí, no Governo do então Prefeito daquela comunidade, Dr. Monteiro. Ele como Secretário e eu como Chefe de Gabinete e muitos serviços realizamos juntos.

Como atleta de futebol de Salão, proporcionou-me inúmeras alegrias.

Como Radialista, manteve um Programa Jornalístico na Rádio Cultura de Guarabira e participei desse programa com uma crônica semanal, a convite do Professor Barbosa.

No cargo de Diretor da FAFIG, devo-lhe alguns favores, finezas que não poderia esquecer, atendendo pedidos que lhe fiz em favor de alguns amigos que ai estão para atestar a veracidade das minhas afirmações. Além disso tive um irmão – João Alverga – que trabalhou naquela Universidade sob o comando deste Professor que demonstrou o seu lado humano quando meu irmão acometido de uma séria moléstia precisou de compreensão, carinho e afeto. Nada disso lhe faltou e registre-se que não lhe pedi coisa alguma nessa ocasião.

Participamos juntos de solenidades, reuniões, festas, bate-papos e comemorações.

Nunca tive o menor problema com Zezinho – como era carinhosamente conhecido -, nem como sua chefe, nem como colega de trabalho, aluna, presidente do time em que ele jogava, nem como companheira nas brincadeiras e ou festas que juntos freqüentávamos. Amigo também de Geraldo, esteve algumas vezes na minha casa num aniversário ou reunião de amigos.

Há treze anos não o via, Desde que o destino lhe impôs um problema de saúde e ele passou a residir em João Pessoa, a vida se encarregou de nos separar, mas Zezinho nunca deixou de existir na minha vida. Sabia sempre notícias dele, através de Vicente ou de amigos comuns, mas nunca tive coragem de visitá-lo. Covardia? Pode ser, mas depois de certos episódios na minha vida, deixei de visitar meus amigos quando adoecem. Não sei se alguém entende, mas isso não me preocupa muito, o importante é que a minha consciência não me acusa de covardia, mas de amor. Não poderia encarar um Zezinho diferente do homem que eu conheci: inteligente, divertido, competente, comunicativo, excelente orador, um dos melhores professores que tive, profissional comprometido com o trabalho que abraçava, com a função que desempenhava, fosse como Diretor, o caso da FAFIG, ou como Professor naquela mesma Instituição; como atleta ou Radialista! Imprimia em tudo o selo da competência e da responsabilidade.

No último dia 15 de agosto/2009, mais ou menos às 22:00h, meu genro, Betinho, contou-me que Zezinho estava em Guarabira, num encontro de amigos, no SAMPA e eu lhe perguntei por que ele não tinha me avisado, pois com certeza, teria ido até lá para abraçar o meu querido amigo e prometi a mim mesma que no dia seguinte, após o SEM FRONTEIRAS iria procurar seu irmão Vicente, para saber notícias. Confesso que fiquei aborrecida com o fato de ninguém ter-me avisado da vinda de Zezinho, mas a vida nos prega peças e nem sempre são coisas más, pois no dia seguinte, enquanto estava na Rádio Rural produzindo o Sem Fronteiras, eis que a porta se abre e Deus me presenteia com ZEZINHO CHINÊS. A princípio, perdi a fala, tomei um susto, para em seguida abraçar-me com Zezinho e ambos chorávamos nesse amplexo. Chorávamos de emoção, de alegria pelo reencontro. Há um brocardo que diz: “Se há quem chore de alegria, de tristeza ninguém rir”. Pois é, era de alegria que as lágrimas molhavam o nosso rosto. Alegria altamente justificada, porque eu esperava um Zezinho que não andava, um Zezinho que não falava. A realidade, graças a Deus foi outra. O Zezinho que me abraçou falava, recordando, inclusive alguns momentos da nossa vida, perfeita e absolutamente lúcido e caminhava sem auxílio de ninguém.

Aleluia! Deus seja louvado.

Obrigada Zezinho por aquele abraço. Obrigada pelas lágrimas que molharam os nossos rostos e inebriaram os nossos corações com o perfume de uma amizade que permaneceu intacta através do tempo.

Obrigada Deus, pela oportunidade de reencontrar um amigo, artigo quase em extinção nos dias atuais.

Guarabira, 23 de agosto de 2009

Marisa Alverga

MARISA ALVERGA
Enviado por MARISA ALVERGA em 03/09/2009
Código do texto: T1790011