Algumas coisas que me restaram....

No primeiro momento comecei a pontuar umas pendências de trabalho.... numa conversa amistosa algumas palavras me tocaram.... ponto final (.), vírgula (,), e reticências (...)... engraçado que todas elas, ou melhor, os sinais a que elas se referem (as palavras) os uso sempre.. como agora o faço...

Mas na nossa fala dizíamos dois pontos, vírgula e reticências.... quis com minha interlocutora usar o ponto final, mas numa atitude prudente e bastante reflexiva não me deixou usá-los.... dizendo-me que tudo continua e que seria mais indicado o uso das reticências... assim convenceu-me de tal propósito....

Num outro momento questionava a dignidade e respeito humano próprio de cada ser... mais uma vez (numa atitude) bastante persuassiva fez-me entender a importância do "valorizar-se" sempre.... a falta de limites, o deixar-se, o permitir-se a algumas atitudes que nos fazem sofrer são comportamentos impensados diante da realidade que se vive hoje.... respeitar-se e amar-se são sentimentos exclusivos e unicamente necessários para o momento atual....

Na trajetória que havia pensado para mim deparei-me com a Dona Joana... uma anciã que estava a se recuperar do cansaço físico talvez natural à sua idade tão avançada.... com a sua filha pus-me a andar segurando-a pela mão.... no espaço tão curto que estive ao seu lado pude perceber quão era a energia e amor que emanavam daquela criatura humana.... cansada e sofrida... frágil e meiga... simples e cheia de dignidade... não havia percebido que não mais enxergava... mesmo assim pude ver a vida que brotava misteriosamente de seu olhar.... sem dúvida um olhar transcendental e místico.... terno e doce....

Confesso que foi um dos momentos de mais intensa alegria e abençoado de todo meu dia.... e que aogra releio a essa hora da noite tarde....

Ligeiramente encontro-me com minha mãe e irmã no centro da cidade... em meio a um imenso tumulto de fim de dia, pude ainda alimentar-me desse amor maternal.... maravilhosamente doado de forma terna.... próprio do ser de mãe..... deixei-as no ônibus de volta para nossa terra natal.... fui para o meu canto.... minha cela em meio à cidade grande....

termino meu dia meditando.... relendo o dia vivido.... (mais um passado...)...

André Ícarus
Enviado por André Ícarus em 21/06/2006
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