RECOMEÇO.

De repente estancou. Para ser mais precisa, não ocorreu assim de súbito, pois nunca fora dada a longos escritos.

Por um período experimentou formatos diferentes. Ousou e se sentiu bem. Mas começou a economizar demais nas palavras.

É verdade que deu grandes passos na vida por essa época e nisso se empenhou.

Também não é mentira que produzia belos escritos na mente, que murchavam antes de se materializarem.

A sensibilidade que a impulsionara agora a paralisava: o medo de errar emperrava seus dedos, a prudência a calava, a autocrítica embaralhava cada vez mais as letras e nada a satisfazia.

Aos poucos a autora foi murchando em uma agonia tão intensa quanto seus textos de antes. O prazer escapara e deixara em seu lugar uma tristeza tímida.

Até que um fim de tarde de agosto ela teve um breve encontro com sua espontaneidade de aprendiz e resolveu falar. Pouco importava se já haviam escrito melhor sobre dores, alegrias e amores.

Voltaria a falar dos sentimentos do seu jeito feminimo e a registrar sua visão do mundo da maneira que sabia fazer. É apenas um recomeço, mas estou aqui torcendo para que a alma liberta retorne aos seus escritos.
Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 07/09/2009
Reeditado em 29/09/2010
Código do texto: T1797373
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