ALERTA ÀS MULHERES _ O ALCOOLISMO

Escrevi uma série de depoimentos, que vou publicar posteriormente, sobre uma etapa negra da minha vida _ o álcool. Criei coragem de me expor por dois motivos:

* PRIMEIRO: Porque venci a luta contra o vício e hoje não tenho mais vergonha de dizer que fui alcóolatra por vinte anos e que, agora, controlo essa doença com ajuda constante de pessoas especializadas e tenho um profundo respeito pelo álcool. Porque o álcool é traiçoeiro, progressivo e fatal. Não existe um meio termo para pessoas que, como eu, não sabem beber. É tudo ou nada. E eu concluí que, ou parava de vez (sempre evitando o primeiro gole) ou caia de boca numa garrafa e aí seria o meu fim. O fim físico (fígado, coração, cérebro) e o fim moral (rechaçada, sem amigos, sem familia). Foi difícil? Foi. Não é algo que se consegue da noite para o dia. Exige muita dedicação, força de vontade, ajuda médica e respeito a essa droga que mata, admitindo que ela nos derruba, nos vence. Só seremos fortes perante o álcool se o afastarmos definitivamente de nossas vidas.

* SEGUNDO: O segundo motivo que me levou a deixar a vergonha de abrir minha alma e contar coisas que, numa sociedade culturalmente machista, que incrimina muito mais a mulher que o homem, foi o fato de saber, por estatísticas, que um número cada vez maior de mulheres bebe. Se alguém vê um homem bêbado pensa "logo passa" e até ri. Mas, na mulher isso vira um estígma e ela é apontada na rua, no trabalho, na família. Por issso, talvez, segundo estudos, as mulheres bebem escondido, geralmente em casa.

O alcoolismo feminino está se igualando ao dos homens. É a vida moderna que exige cada vez mais da mulher, criando situações de stress, de solidão, de sobrecarga, principalmente quando fica sozinha com a responsabilidade de criar e educar os filhos. Não que isso justifique, mas é um fator desencadeador do alcoolismo.

Quero falar a todas as mulheres que, se puderem, evitem o primeiro gole. Ninguém sabe se vai viciar, até que experimente. E, na dúvida, melhor não arriscar. Quero falar que entrar é facílimo; sair é doloroso, é cruel. A gente vai ao fundo do poço e muitas vezes o receio de se expor faz com que continuemos a beber escondido, agravando ainda mais esse quadro tão doloroso.

Isto não é um conselho, porque se conselho fosse bom, ninguém dava de graça. É apenas a alma de uma mulher, alcóolatra em recuperação, que fala as almas de outras tantas mulheres que vivem esse drama.

Desejo de coração que o álcool seja considerado uma droga ilícita, porque se a cocaína e outras tantas substâncias tóxicas causam tanto mal a sociedade, o álcool é mais lento, mas suas consequências são terríveis, porque destróem corpo, espírito e família.

Mais tarde vou postar depoimentos que mostram minha tragetória e minha luta para sair desse poço, quase sem fundo....

Giustina
Enviado por Giustina em 14/09/2009
Reeditado em 14/02/2014
Código do texto: T1808967
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