Tempo de Primavera

Evane A. Barros Barbuto

Lua branca e pálida! Lua metade!

Mergulhada em claro azul,

De sereno e cálido fim de tarde.

Os prenúncios da primavera podem nos fazer inspirados num fim de tarde incutindo ânimo e coragem. Faz-nos esquecer encardidas nuvens que o inverno, muitas vezes, nos proporciona. A natureza se prepara para mudar – é a primavera que vai chegar!

Fim de inverno, as folhas já despencam dos ramos para voltarem a brotar verdes e novas. Quanto às flores frescas e belas retornarão, nem sempre na mesma profusão, mas com tudo que a natureza poderá nos proporcionar nas circunstâncias do momento. Elas sempre caracterizaram essa estação do ano sem, entretanto, constituírem as únicas belezas. Observando mais, veremos como os insetos proliferam dando sua parcela de ajuda e de singeleza: borboletas surgem com colorido e graça, voando soltas e mais presentes; abelhas zumbem mansamente, trabalhando com mais vigor; cigarras ciciam em árvores e relvas criando uma sinfonia oculta, estridulante, repleta de alegria e mistério; grilos falantes e joaninhas sorrateiras aparecem camuflados em meio à beleza dos campos e dos jardins. E os passarinhos? Parecem mais alegres e alvoroçados com espertas cantigas: bem-te-vis esbanjam sua interessante cantoria; beija-flores sussurram alegrias e prazeres; andorinhas, juritis, pardais, e mais, muitos outros mais, todos, exibem voos estratégicos e peculiares dando boas vindas à estação.

Um vento cálido surge renovando o cenário dando inquietação à natureza para a busca de novas criações e harmonia. É a própria vida prenhe de beleza e novidades, de riquezas e de forças incalculáveis. É a mãe natureza fiel e hospitaleira que quer cumprir seu papel mantenedor de vida, dando-nos o exemplo com suas dádivas.

Para todas as estações há as reflexões, as expectativas e as esperanças. E as transformações surgidas, agindo também em nós, sugerem motivos que nos levam a prosseguir na jornada. O mundo pródigo de novidades faz nossa vida mais rica e bela, oferecendo-nos chances de reinventar nosso dia a dia, ludibriando a rotina que traz a monotonia, o tédio, o torpor, a inatividade, a decadência, a mesmice do tudo igual de nossa existência. “A vida pode ser uma só, mas não precisamos vê-la sempre da mesma maneira”. E nem podemos ou devemos, graças às mudanças constantes que Deus nos oferece. Que sejam os nossos propósitos: curtir, zelar, criar e recriar as belezas e as oportunidades; como também, contornar, vencer e aceitar as adversidades que, inevitavelmente, surgem para todos e para cada um de nós, particularmente.