21 POLÍTICOS DE ALUGUEL*

Se se diz que existem os partidos (ou siglas) de aluguel, então é compreensível deduzir-se que também há os políticos de igual jaez. Ora, não são os referidos enviados das urnas que integram estes mesmos amontoados? Como são e aí estão, partidos são amontoados. Verdadeiros amontoados.

Sem princípios éticos, sem ideologia, sem fidelidade partidária. E por que fidelidade partidária, se os partidos são inexistentes? Necas de pitibiriba!

Políticos de aluguel!... Que vergonha, meu Deus, que se possa constatar que eles gracejam e estão por aí, como as “peruas” de rua, no cenário de ópera bufa da vida pública nacional! Sou eu quem o diz? Nada. A imprensa, em geral, sabe e registra tudo isso.

Essa gente venal se infiltra nos pequenos “partidos” políticos, e até nos médios, ou mesmo nos grandes “partidos”, para se raparigar. Mas se raparigar de modo ruim, com todo o respeito ao verbinho, porque existem mulheres da vida que são um amor de pessoas, em termos de dignidade. Assim como, embora exceções, existem amores de pessoas metidas até nas siglas ou partidos de aluguel.

Munidas de uma ideia na mão, posto que da cabeça não fazem uso, ou seja, a ideia de trair os abestados eleitores, as partes interessadas e interesseiras encetam o exercício da rapinagem para dar o bote certeiro. Aí vão às comunidades, metem-se pelos bairros, vão às favelas, trepam em caixotes de sabão, levam sabão e dão sorrisos alargados. Alguns caras-pálidas são doidos para cheirar e pôr criancinhas no braço.

Onde houver cristão para escutar lorotas, onde existir voto dando sopa, dá-se que o candidato a candidato cai de quatro na jurisdição da freguesia. E, então, oportunista, ele monta pé de bom lastro de espera.

“– Podem deixar comigo... O prefeito me garantiu que esta travessa, aqui, vai ser pavimentada logo após a eleição, e também o governador garantiu..., numa boa!” – sapeca, no megafone, mentindo, o salafrário.

Por santa ingenuidade do distinto cidadão, elegem-se os fariseus: vereadores, deputados, senadores. Como se fala muito, por aí, com afetação, “os representantes do povo”. Claro que no meio desses aí há as honrosas exceções que fazem jus ao apelido pomposo. Agora, sim, pois não, a maioria que infecta os cargos eletivos..., macacos me engulam, gente boa!

Vendendo o voto, ou acreditando nas promessas de mudança, mais uma vez, fumo na população!... Ai, ai, ai, e coisa, e tal, a exígua Oposição avisou ou não pregou aviso algum que o “pacotão” ia arder nas nádegas do contribuinte? E do contribuinte menor, porque os grandes são detentores de cargos no Parlamento. Pois eleições findas, agora está tudo é pebado.

Doutorzinho muda de pelo, assenta a cor, enche os bolsos de tubos do vil metal e, de rolar o selim, cria papada, enquanto a gente ignara assiste ao desfilar das baboseiras de “medidas econômicas”, dos pacotaços e MPs, que só aumentam o aperreio de quem trabalha e paga imposto na fonte. Servidor público, por exemplo, é só quem paga IR na fonte. Vítima número 1 do Leão.

Mas, a essa altura das mazelas, em palácio, o Executivo (municipal, estadual e federal) já terá firmado contrato – um pacto – com o seu mais novo discípulo, o tal “representante do povo”. Ele, um lídimo infiel partidário, que, por cima, ainda faz declarações assim, enviesadas, para os meios de comunicação:

– Me alugo a qualquer grande clube de interesses, desde que me sinta seguro nas mamatas do poder.

E o pior é que ele não se aluga: mesmo, de verdade, vende-se! (Na melhor das cotações do mercado).

(Outubro de 1998)

Fort., 17/09/2009.

(*) Mais um texto “dormido”, como se pão de ontem,

mas aqui publicado porque ainda o cremos atual. A

infidelidade partidária, por literal ausência de partidos

verdadeiros, é um dos fatores que mais infelicitam o

nosso sistema político. Quando, e sob a égide de que

governante federal, o Congresso vai dignar-se a efe-

tuar uma profunda reforma político-partidária? Os

trânsfugas da política prosperam à sombra da falta de

convicção e da infidelidade aos partidos, daí muitos se

alugarem, até se venderem. Infelizmente. Vou repetir

o caso: para a “reeleição” de Fernando Henrique Car -

doso, parlamentares do atual DEM, ex-PFL, que foi

PDS, que foi ARENA, venderam os votos à razão de

R$ 200.000,00, por cabeça. Infelizmente isto ocorreu.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 17/09/2009
Reeditado em 02/03/2010
Código do texto: T1815130
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