Ouro-negro no bairro Quarenta!

Ouro-negro no bairro Quarenta!

Mais ou menos no ano de 1958, depois que o a Seleção Brasileira fora campeã mundial de futebol na Suécia, a cidade de Joaquim Távora começava a quebrar a sua rotina. Sair do marasmo que a envolvia dia e noite. Agora parecia que a silenciosa cidade começaria a se desenvolver. Novas perspectivas se abriam para aquelas famílias que já se cansavam de teimar na lavoura, e mesmo no comércio, “trocando seis por meia dúzia” como diziam.

Havia chegado ao Hotel Central uma equipe de pesquisadores da PETROBRAS GEOSUMMIT. Eram engenheiros e técnicos que procuravam minérios e derivados. Depois de muita conversa fora, um cliente do hotel até quis prestar sua ajuda dizendo ao pessoal da GEO:

─ Na rodovia para Santo Antonio da Platina, mais ou menos no bairro Quarenta, existe muito xisto!

─ “Mui... obrrigado, misterr”! É parra lá mesmo que fomos mandados a nos dirrigir! – respondeu um dos homens, com um sotaque carregado. O cliente não sabia que aqueles forasteiros tinham uma missão.

Tais técnicos saiam pela manhã e voltavam à noite. Aquele jipe, com a logomarca da “GEO” rodou muito pelo bairro Quarenta. E outras regiões do nosso município. E a equipe sempre cheia de aparelhos, bússolas, GPS, etc., não paravam. E centralizaram suas buscas naquele bairro, já bem povoado.

─ Que será que esses homens querem encontrar, ouro? Não existe mais! – comentavam os tavorenses.

Até que um dia o Dr. Wilson, da Geo, chegou radiante ao hotel - depois de tomar seus Jack Daniel`s - e arrumou suas malas, dizendo que iria para o Rio de Janeiro rever a família que há um mês não via. E o resto da equipe ficou em Joaquim Távora. E foi embora. O resto ficou tomando uísque na cidade. Eles eram todos americanos e só falavam inglês.

Numa ensolarada manhã, o bairro de Afonso Camargo parava para ver o desfile de caminhões, carretas, carros, guindastes, ônibus, jipes, todos com a logomarca PETROBRÁS chegando a nossa cidade. O Prefeito Teodorico Gomes de Oliveira, não deixou por menos, convocou seus asseclas, chamaram o Ivano fotógrafo, compraram muitos foguetes, e fizeram aquele foguetório.

E logo começaram os preparativos para abrigar aquele batalhão de trabalhadores que vinham dar uma nova esperança para a pequena cidade. O sonho do “ouro-negro” era agora uma realidade. E foram chegando e se instalando onde era o terminal rodoviário. A empresa logo abriu suas portas para os desempregados. Foi um alvoroço. Havia filas. Deram muitos empregos. Acredite se quiser, o dinheiro corria tanto, que até a zona de meretrício foi ampliada, com lindas mulheres. Perfuraram uma série de poços, mas infelizmente o “ouro-negro” não quis dar as caras em Joaquim Távora. Ele não jorrou como no filme “Assim Caminha a Humanidade! Onde o personagem Jet (James Dean) toma banho de petróleo na sua fazenda.

Mas como tudo que é bom dura pouco, o entusiasmo tavorense se esfriou. E a cada condução que saía da cidade rolava uma lágrima de saudade. E o sonho acabou. Comenta-se que o petróleo existe, mas deixou de ser explorado porque na época não possuíamos a infraestrutura suficiente para explorá-lo. Foi perguntado e a Rede Ferroviária? Esperamos que um dia aconteça novamente a perfuração. E que os futuros governantes mandem novamente os homens da GEO SUMMIT para sacudir Joaquim Távora.

Copyright by Theo Padilha, 18 de setembro de 2009

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 20/09/2009
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