PRIMAVERA

Prof. Antônio de Oliveira*

Em Belo Horizonte hoje, edifícios, que, como torres de Babel,

arranham os céus, quase nos impedem de contemplar o belo horizonte.

Fortalezas nos deixam prisioneiros entre paredes de concreto e, concretamente, hoje quase não se tem tempo para contemplações.

Os edifícios chegam aos céus, mas nós estamos cada vez mais presos à terra, terra com inicial minúscula, pois anda girando distante dos outros corpos celestes. Tampouco nos lixamos para a primavera, em 22 de setembro.

Na verdade, no Brasil, as estações do ano quase se confundem no ano

e se identificam na nossa mente.

Mas no exterior, e em várias regiões, com o advento da primavera

o semblante das pessoas se desanuvia.

De repente, duas grandes redescobertas, dois artigos de fé:

Art. 1.º Acreditar na primavera, que dá o ar da graça: “You must believe

in spring”;

Art 2.º Acreditar na graça de viver, gostar de viver, ser feliz, em resumo,

amar-se e amar o próximo como a si mesmo.

Primeiros pingos de chuva, prenúncio do verão, estação seguinte.

Rosto respingado, cabelos presos ou soltos e esvoaçantes,

semblante iluminado, sem lenço nem documento.

Mas, voltemos a Belo Horizonte, Cidade Jardim.

Se, por um lado, o belo horizonte se encontra eclipsado,

por outro, o traçado incluído no perímetro da avenida que contorna a cidade,

de acordo com o projeto inicial, se apresenta relativamente bem arborizado. Nossos pais pensaram nisso. Se os muros e paredes estão pichados e manchados de faixas e cartazes improvisados e interesseiros, muitas árvores permanecem sobranceiras e sem sombra de censura, e abrigando hóspedes alados. Na época da floração, principalmente: ipês, paineiras, flamboyants, fícus centenários...

E que não haja mesmo praças e ruas sem árvores. Educação ambiental

não se faz com discurso, senão, negativamente, sem depredações e, positivamente, respeitando, preservando, revitalizando o que é de todos.

A primavera faz a diferença. Nessa estação do ano e do trem da vida,

volta o viço ao arvoredo e, por entre as folhas das árvores ainda poupadas,

o lembrete da Natureza de que o Sol possa brilhar para Todos. E não importa o número de primaveras que cada pessoa haja completado nem as porções de pedra no caminho. Importa sentir que a primavera é, no tempo, um posto de reabastecimento e que a vida continua como um grande bolo de aniversário fatiado em estações...

*Coordenador e Supervisor da Consultoria Acadêmico-Educacional (CAED). Técnico em assuntos educacionais há 30 anos, com experiências no serviço público e na atividade privada. Mestre pela Universidade Gregoriana de Roma. Realizou estágio pedagógico em Sèvres, França. É graduado em Estudos Sociais, Filosofia, Letras, Pedagogia e Teologia. Pesquisador e consultor, presta assessoria, dentre outras instituições, à ABMES, Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, sendo responsável pela montagem do Anuário de Legislação Atualizada do Ensino Superior. Ministra também cursos de legislação do ensino superior.

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fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 21/09/2009
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