Não deixe a esperança morrer

A operação tem vinte e cinco por cento de chance de dar certo, disse o médico. E se não der certo? foi a minha pergunta inevitável. Se não der certo, não há mais nada a fazer. A não ser a tentativa do bebê de proveta, que ainda está engatinhando. Acaba de nascer na Inglaterra o primeiro bebê fertilizado in vitro, mas ainda não sabemos como será o seu desenvolvimento.

Será que vou conseguir?... Se não engravidei até agora, será vontade de Deus? Será que minha função não é de ser mãe?... Ainda bem que não me deixei levar pela imaginação, fazendo aqueles planos tão comuns, quando casar vou ter muitos filhos, quero uma casa movimentada...

Eu não pensei em nada disso, só gostaria de esperar um tempinho. Procurei evitar, sem grande afinco porém, pois nem pílulas tomei. Se acontecesse de engravidar, o filho seria bem-vindo, naturalmente!

Mas não aconteceu. Nem nos primeiros anos, nem nos seguintes. Todo mundo começou a perguntar não vai ter filhos? Já está na hora! Foi então que iniciei a via sacra. Exames e mais exames, laboratórios, termômetro na boca... Afinal descobriu-se o problema das trompas e por isso fui operada.

O tempo previsto pelo doutor se esgotou. A proveta não me tentou. Parecia que nada mais ia dar certo, sem filhos do meu próprio sangue para sempre eu ficaria.

Um belo dia, no entanto, tudo mudou. Engravidei. Tive meu bebê tão esperado, bonito e saudável! Como um presente dos céus, me vi em estado de graça, que teve a graça de se repetir dois anos depois. Uma graciosa menina de mim também nasceu, para a família completar e alegrias nos dar.