Lindos Ipês em agosto: brancos, amarelos e rochos

Lindos Ipês em Agosto: brancos, amarelos e roxos

Evane A. B. Barbuto

Nossos ipês mostram suas flores em agosto e entram setembro florindo, como temos visto muitos deles, grandes, antigos e belos, enfeitando ruas de cidades. Existem nas variedades – brancos, amarelos e lilases - todos são lindos, cheios de singeleza e significados. Viajando nessa época podemos apreciá-los, principalmente os amarelos, coloridos e carregados de vida, dando graça a campos e encostas escurecidas pela seca. Espalham-se, aleatoriamente, pequenos, médios, raramente grandes, poucos conseguem alcançar o maior porte. Suas sementes o vento transporta criando arvorezinhas por toda parte. Muitas vingam resistindo às irregularidades das estações e às malditas queimadas, imbecil tradição que agride cruelmente nosso solo e vegetação já secos nessa fase do ano. Nas viagens, quantas vezes, numa semana nos extasiamos com uma bela florada para na semana seguinte defrontarmos com um arbusto devastado pelas chamas. Assim acontece sempre em agosto, nada tem mudado. Ah, queimadas! O que buscam realmente os seus autores, fico tantas vezes a matutar. E o que se tem feito para combatê-las? Daí, a dificuldade de um desenvolvimento mais eficiente de nossos ipês e outras espécies nativas nas estradas, campos e montanhas. A natureza, digo sempre, mantém a sua fidelidade. Para com os ipês - floração nos finais de inverno entrando pela primavera. E depois de tudo, o deslumbre para os olhos.

Nativo do Brasil, o ipê foi considerado a árvore símbolo nacional florescendo em todas as nossas regiões. É conhecido também como pau-d’arco. Quanto mais seco o inverno mais intensa e bela a florada que suscita nossa admiração e emoção. Perde todas as suas folhas, todinhas, para em seguida se encher de flores. Gosta da aridez para florir - não do fogo - requer o bom funcionamento das estações e a regularidade das chuvas, senão, corre o risco do raquitismo e da extinção. Admiro os ipês nas estradas, mesmo os pequenos, perdendo-me em admirá-los, amarelinhos, troncos escurecidos e copas deslumbrantes de enfeites. Sugerem, nesses momentos, uma tela e um derramar de tintas para o surgimento de um lindo quadro.

Por vezes, pequeninos, bem no alto de morros ressequidos e calcinados, sobrevivem. Ipezinhos raquíticos, esquecidos em nossa terra rica de beleza e diversidade lembram a valorização das pequenas coisas, a veracidade das forças contrárias que tudo movem, a tenacidade da vida, a presteza da natureza enfrentando circunstâncias adversas como a estiagem e as queimadas. Ruim para uns, proveitoso para outros, linhas tortas podem escrever coisas certas, inverno mais seco, ipês bem floridos.... O contraste dos ipês despertam em mim a sensibilidade do patriotismo, a força da humildade ao despojarem completamente de suas folhas, perdendo sua performance, tornando-se feios e despercebidos para depois mostrarem a pujança. Cabe-nos preservar a obra de Deus repleta de engenhosidade e beleza, falando-nos continuamente de esperança, perfeição e renovação.

E de fé. Por que não?

Evane
Enviado por Evane em 25/09/2009
Código do texto: T1830533
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