Reformas e Reformas

Reformas e Reformas...

Evane A. Barros Barbuto

Há mais assunto para nos ocuparmos no momento – a nossa reforma ortográfica que vigora desde janeiro deste ano e que, por maior que seja seu prazo de aplicação, precisamos cuidar já. Se gostamos de nos aventurar pelo mundo das letras, cuidemos de entender as novas regras de ortografia e acentuação da língua portuguesa.

Mas, só quero pensar, pesquisar, estudar... Criticar? Eu não, quem sou eu para tanto! Quero só comentar os transtornos que as mudanças nos causam, sempre que somos obrigados a enfrentá-las e alteramos nossa maneira habitual de agir. Sei muito bem que uma contestação não me compete, seria ousar refutar concisas decisões de renomados gramáticos que esquentaram as pestanas nesse mister ortográfico. Muitos entendidos criticam as medidas achando-as desnecessárias e dispendiosas no momento. Acham muito transtorno para poucos resultados. Sinceramente, penso que aqueles que trabalharam antes, norteando as decisões gramaticais que usávamos até agora, lutaram muito mais. Escarafunchando raiz e radical das palavras, ralando na estrutura gramatical das mesmas para nortear regras e decisões num trabalho profundo e maior.

Tudo bem que a língua precisa evoluir como tudo na vida evolui e havemos de nos acostumar, há tempo para isso. Só que nos sentimos incomodados achando estranho escrever de maneira diferente muitas palavras que considerávamos tão familiares e que, agora, nos parecem desconhecidas. É o hábito - não dizem que o uso do cachimbo faz a boca torta? Pois cuidemos de consertar nossas mãozinhas tortas. Vai incomodar a todos e, principalmente, àqueles que se arvoram em escrever jornais, como tenho feito numa ousadia literária sem tamanho. Sendo assim, sofre-se a preocupação de incorrer em erros e sempre, de alguma maneira, incorrendo. Surge o impasse quando damos de cara com as palavras novas e suas dificuldades.

Difícil achar normal uma palavra que há anos escrevíamos automaticamente, sem preocupação como, por exemplo, plateia, e agora sem acento. Ficou feinha a palavra. sem o acento. Ideia, também, incomoda escrita assim, parece incompleta. Quanto ao “trema,” caiu de vez. Tudo bem, não vai nos fazer muita falta, há anos já se propalava seu desaparecimento na ortografia e, volta e meia, esquecíamos de usá-lo. Então, acabar com ele ficou fácil - ei gente, acabou o trema, não existe mais. Não vamos quase sentir tal mudança e raramente nos lembraremos dele, sem consequências.

Mas, o uso de hífen é que está pegando - ora pode ser usado onde não podia e, depois, pode-se usar onde não existia. E as palavras que temos de juntar, fazendo a composição das mesmas à custa de dobradinhas com o r e o s? Vejam só, minissaia e contrarregra como ficam. Esquisito, não é? Vamos nos acostumar.

Hum, como acho estranho os dois oo no final de palavras como enjoo, voo, sem usar o acento circunflexo para dar o ritmo que a palavra pede em sua pronúncia. Já penso como será na alfabetização quando a criança lerá primeiro “en-jó-ó,” para depois deduzir enjoo, sem o chapeuzinho( circunflexo) que enfeita e dá o arranquinho necessário à pronúncia paroxítona.

Na verdade tenho dó de ver meus livros, todos, muitos, defasados com essas normas da reforma atual. Como renovar uma estante repleta de antigos, amigos e úteis companheiros, meus queridos livros? E meu computador, nem se fala, ainda não sabe de nada e está teimoso em criticar e grifar as novidades gramaticais que escrevo. Tá bom, tudo bem, vamos nos esforçar e que venham as novidades. Mas gente, espera aí! Não existem reformas mais urgentes, até urgentíssimas, a se fazer? Ai!... Quantas! Tantas! Que venham, que venham...

Evane
Enviado por Evane em 25/09/2009
Código do texto: T1830539
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