Desacerto

A maior e mais difícil decisão para uma pessoa falante (como sou) é calar e observar.

Temperamento alegre, vaidosa em tudo: valores, construção emocional pessoal, profissão, quase sempre quebro a cara.

Ao menos percebo o que se passa comigo e tento recuar quando extrapolo.

Esse contato pessoal sempre me provoca questionamentos, nem sempre mudanças.

A arte de ouvir e observar são uma escolha complicada.

Torno-me solitária quando consigo.

Às vezes não me contenho, falo mais do que devo e ouço menos que o necessário.

Pior é quando falo o que as pessoas não desejam ouvir.

É um desastre total.

As reações são adversas.

Perco algumas pessoas, encontro outras.

Não percebo algumas.

Torno-me ansiosa de mim.

Calo-me.

Na busca da felicidade, que é naturalmente uma conquista pessoal e passa por momentos, tento perceber e receber as pessoas como são.

Nem sempre o consigo.

Essa empatia com o outro não é tarefa fácil.

Quase sempre me coloco na frente.

Especialmente se confrontada dos meus valores e sonhos.

Pessoa humana, em desacerto, estou.

Ouço o canto do pássaro no meu jardim e conforto-me.

O sol brilha forte, a vida acontece

Acordo de mim.

Caio na real.

Reconheço-me.