Eu, vamos conversar!

Será que algum dia você já parou pra pensar, conversar consigo mesmo? Se ainda não reservaou este "momento eu", talvez esteja na hora de buscar o autoconhecimento. Desde tempos imemoriais o ser humano tem buscado respostas as questões existênciais, muitas civilizações nasceram, cresceram e se foram e, cada uma delas pensava ter uma resposta para estas questões. A religião surgiu das idéias, pensamentos e experiências de alguns homens e veio para dar esperança aos reprimidos, para ditar regras de convívio e para dar respostas para aquilo que ainda não sabemos de fato, para abafar nossa ignorância neste mundo. O que vem após a morte? Céu, Inferno, ressureição, reencarnação, metempsicose, ou absolutamente o vazio, o fim? Cada um tem uma suposição, em cada parte do mundo as respostas são quase incomensuráveis, mas o fato é que ninguém sabe de absolutamente nada, mas todos desejam saber e alguns até tentam mostrar aos outros que realmente sabem, baseado simplesmente naquilo que não sabem, mas apenas acreditam ou pensam acreditar.

Muitos de nós usamos as palavras para dizer o que pensamos e o que somos, mas nem sempre as palavras condizem com a verdade, tentamos enganar o mundo, mas enganamos mais ainda a nós mesmos. Dizemos coisas que não fazemos, fazemos coisas que não dizemos, guardamos em segredo. Pra que usar as palavras para ferir e enganar? Se existe um Ser Supremo, ele certamente não se agrada destas coisas, ele como criador, ouve e vê tudo, então pra que falar; antes agir, atuar, ter atitudes. Antes calar-se, assim como o universo, que trabalha em silêncio e perfeita simetria, mantendo a harmonia cósmica, sempre em movimento, nunca parado e acomodado, mas sempre em equilíbrio constante. Carl Sagan, astrônomo americano, disse uma vez que no Universo podemos ver a "caligrafia de Deus", concordo plenamente com suas palavras, pois quem tem olhos, vê os mistérios da natureza explícitos em suas entrelinhas.

Se você tiver um "tempinho", fale contigo, será que sua vida realmente está indo bem? O que temos certeza é que um dia nosso corpo irá morrer; o coração vai parar, o cérebro dissolver-se e por fim as bactérias terão seu alimento, a vida se alimenta da morte. O que restará? Se restar, somente os valores e as obras que aqui fizemos, as sementes que plantamos. Conversando conosco podemos descobrir muitas coisas, nossa mente é um universo, Freud, psicanalista inglês, pregou que o consciênte e o inconsciente travam uma batalha feroz, cada um buscando se sobrepor ao outro, esta guerra dentro de nós é que determina quem somos, como agimos. Conhecer a sí mesmo é uma aventura, é preciso antes ouvir, ser receptivo, do que falar, olhar mais para dentro, do que para fora. As vezes preferimos ficar em uma zona de conforto, não queremos ouvir nada, mas apenas falar, não aceitamos mudanças porquê temos medo delas, criticamos implacavelmente o outro, nos sentimos intocáveis, incriticáveis e sempre temos justificativas para as nossas fraquezas, nossos erros, ao invés de assumi-los e tentar tomar medidas corretivas. É a voz do ego se afirmando, impondo sua majestade, sufocando a simplicidade e a humildade, duas qualidades essênciais para o aprendizado.

Por que o homem se torna tão degerado assim? talvez faltem bons amigos para ajudá-los, talvez ele os tenha e não queira escutá-los, talvez pense estar no caminho correto e está iludido, enfim, as teorias são diversas. Temos o costume de dizer que a vida é injusta, mas será que é mesma, talvez não seja tanto assim, penso que ela seja a medida exata de nossas ações, de nosso comportamento diário, afinal são nossos passos que nos conduzem ou são dos outros? O acúmulo de erros leva ao fracasso, então, será que nao está na hora de mudar nossas vidas? Pense bem nisso!

O que falta para sermos felizes, qual o mundo que desejamos, que legado deixaremos quando partimos, certamente estamos aqui e temos uma missão. Fugir dos problemas não é uma solução, cedo ou tarde eles voltam para nos assombrar, e quando voltam, tem o dobro da força ou mais do que tinham antes. Aquilo que não é resolvido, não se resolve por sí só, por isso precisamos conhecer os problemas, apurar suas causas, entender seus efeitos multiplicadores e resolvê-los, antes que eles nos atinjam. É muito comum o medo nos inibir, deixamos de fazer, porquê permitimos que ele nos transforme em covardes, criando fantasmas que não existem, mas que se tornam cada vez mais reais, a medida que são alimentados pelo nosso temor crescente. O medo deve nos servir para alertar, mas não para reprimir nossas ações.

Ao fugir dos problemas, damos livre arbítrio para nossas fraquezas nos dominarem, o perigo se torna maior do que de fato é, por medo e sensação de incapacidade, nos omitimos, nos tornamos apáticos e indiferentes. Daí em diante a critica destrutiva conquista seu lugar, passamos a criticar sempre o outro; governo, empresas, chefes, colegas de trabalho, família, amigos, vizinhos, enfim, todos são culpados, menos nós. Alimentamos o hábito de criticar, ao invés de sugerir, criticamos tudo, nos tornamos chatos, insuportáveis, negativistas ao extremos, paramos no tempo e culpamos aqueles que aproveitaram o tempo para se aprimorar e com isso nos superaram. Chegamos a um ponto que não permitidos que o outro se expresse, só nós podemos falar, só o que sentimos é fundamental, ocupamos o espaço do outro, dizemos entrelinhas que a opinião do outro não é importante e assim alguns bons amigos se afastam. Cria-se então um círculo vicioso, caímos em uma teia que nós mesmos criamos e passamos a querer levar os outros para o mesmo buraco, acabamos como vítimas, quem diria, de nós mesmos. Conforme vamos cultivando este spensamentos negativos, somos ainda mais dominados por eles, ficamos ainda mais fragilizados, suscetíveis as influências, nossos valores vão se depreciando e nossa vida vai se tornando vazia e sem sentido. Pensamos, pra que ser fiel, ninguém é? e esquecemos do mínimo de respeito que devemos ter com o próximo e o compromisso que assumimos com os sentimentos alheios. Pensamos, pra que ser honesto, ninguém é? e esquecemos que vale mais a consciência limpa, do que o peso e implicações para se sustentar uma mentira. Pensamos, pra que ser educado, cortez, se todos me ofendem? e esquecemos que uma palavra ríspida e ofensiva pode fomentar a violência e que talvez uma palavra firme e bem colocada, um sorriso espontâneo ou um pouco de atenção pode acalmar alguém que esteja exaltado. Pense um pouco!

Os valores e o sentido que temos nesta vida são motivamos por nossas ações. Quando vemos o outro como parte de nós mesmos, quando conseguimos compartilhar de suas emoções, quando nos compadecemos e nos indignamos ao ver o direito do próximo ser usurpado, invadido, violado, temos aí um bom sinal, ainda estamos vivos, ainda sentimos, ainda somos humanos, não nos tornamos indiferentes e esta é a energia que motiva a tomada de atitudes, o sentir.