DIA DA CRIANÇA

Prof. Antônio de Oliveira*

Certa vez, meu filho com uma foto na mão, lembrou que, quando criança, caminhava conduzido pela mão de seu avô Flávio e tinha a sensação de estar sendo protegido pelo Gigante Branco Omo, de uma antiga propaganda.

É que meu filho, naquela ocasião, nada mais era do que um menino,

uma história de vir a ser, em miniatura; o avô, uma história de vida.

Nossa infância, mais ou menos distante, continua dentro de nós como se fora uma outra vida. Não um além, mas um aquém. E sou eu mesmo, eu e minhas circunstâncias. Uma história de vida se fazendo.

Fora de nós, pessoa por pessoa, tantos outros mundos, também mutantes, imprevisíveis. Cada um no seu quadrado... digo, castelo. Cada um é cada um, cada uma é cada uma, de acordo com o seu castelo, de acordo com o caráter da construção iniciada na infância, quando tudo começou. Se sobre a rocha, na linguagem bíblica, caem as chuvas e transbordam os rios e sopram os ventos e o castelo não cai. Se construído sobre a areia, o castelo não resiste aos ventos nem às chuvas, aos pichadores e vândalos. Ou a pessoa enterrou seu talento?

Eh! cuidado! O talento humano é um tesouro dentro de frágil vaso de barro!

Gigante ou anão, rei ou súdito. Roberto Carlos é rei. Pelé também é rei.

Tornaram-se reis. Outros são ‘eleitos’ governantes. E por aí vai: dita-dor; sofre-dor. Mas temos, ainda bem, administrador, agricultor, contador, nadador, professor, todos crianças de ontem. E, apesar de toda a tecnologia, cada um com o seu imaginário, com o seu artesanato. Cada um com seus desejos.

Coração ainda é gerado de carne e se alimenta de ilusão, sentimento, mel, sonho, doçura. Até animal gosta de um cata-piolho! O manequim adulto, feito carne de carne ou pedra de carne, é que vem depois. Sim, pelo menos em ruínas históricas há pedras que têm coração de homem. Mas há homens também que, na sua história de vida, fizeram de seu coração uma pedra.

A criança constrói seu mundo aparentemente de brincadeira, imitando

o “avô gigante”. O adulto constrói o seu, artificial, aparentemente de seriedade, sisudez com a mordida do dente de siso, brincadeirinhas de gente grande,

ou como ser humano plástico que é, a lançar plástico em qualquer lugar.

Para variar, esse ser que um dia foi criança, até assalta, estupra, depreda, escamoteia, esbofeteia, golpeia, saqueia, sai do sério, perde a esportiva.

Mas sejamos otimistas. Hoje é Dia das Crianças, adultos de amanhã,

sempre esperança de um mundo melhor. Dia de fazer farra com os filhos e deitar e rolar na grama. Longe do computador, sem ver telejornal e sem magoar as flores. E... feliz Dia da Criança também de ontem, bela adormecida e encastelada no nosso inconsciente. Pois somos o príncipe encantado de nós mesmos. Basta desencantar, sem medo da bruxa e com um abraço em nós mesmos, as ilusões, boas lembranças e os belos momentos da infância...

*Coordenador e Supervisor da Consultoria Acadêmico-Educacional (CAED). Técnico em assuntos educacionais há 30 anos, com experiências no serviço público e na atividade privada. Mestre pela Universidade Gregoriana de Roma. Realizou estágio pedagógico em Sèvres, França. É graduado em Estudos Sociais, Filosofia, Letras, Pedagogia e Teologia. Pesquisador e consultor, presta assessoria, dentre outras instituições, à ABMES, Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, sendo responsável pela montagem do Anuário de Legislação Atualizada do Ensino Superior. Ministra também cursos de legislação do ensino superior.

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fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 06/10/2009
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T1851190
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