Celular-hipnótico

Vocês já repararam que o celular nos dias de hoje, saiu totalmente do propósito da sua invenção, para aqueles que não sabem, o mínimo é fazer e receber ligações, a cada dia estamos virando reféns desse pequeno objeto, deve existir algum minúsculo chip que colocado durante a sua fabricação, acaba nos hipnotizando, não importa onde você esteja, há sempre alguém do seu lado com ele na mão, vendo horas, passando tempo com jogos, tirando fotos, enviando mensagens, assistindo TV, ouvindo música, vendo filmes, acessando a internet, são tantas as suas funções além de fazer e receber ligações, que se eu estivesse chegando agora da Lua, e me mostrassem um aparelho desses com toda essa tecnologia, provavelmente a última função que eu utilizaria seria o de ligar, pois não acreditaria que isso seria possível.

Não podemos negar que foi uma das melhores invenções do ser humano, quantas vidas já foram salvas por causa dele, porém quantas também foram tiradas? Difícil é encontrar um senso comum, estão banalizando o aparelho, não me lembro em qual crônica li sobre isto, mas na Europa o seu uso em público começa a ser considerado falta de educação, não sei se estão exagerando ou simplesmente, como integrantes do “primeiro mundo” percebendo que ainda há vida sem o celular, que é legal todas as suas funcionalidades, contudo o interessante mesmo é poder usá-lo como um meio de comunicação. Já no Brasil, ainda não conscientizaram disso, “e que demore muito”, pensam os fabricantes, num mundo capitalista, o que menos eles querem é isso, não tem problema se não servirão como meios de comunicação, e sim como entretenimentos, melhor para as operadoras que não precisam gastar as suas fortunas com melhorias na telefonia, ampliação de coberturas, novas tecnologias, “deixem se distrair” com joguinhos, músicas, o tal do “blue” alguma coisa, assim esquecem-se de usá-lo como telefone.

Não vou negar que também tenho um, fui vencido, depois de muita luta, de alguma forma conseguiram mostrar a sua importância. Fazer o que? Precisamos usufruir o que nos oferece, usá-lo corretamente para não acreditarmos que estamos sós, quando o esquecemos. Não tem uma cena mais triste quando se vê nos pontos de ônibus ou nas plataformas do metrô a quantidade de pessoas olhando fixamente para o celular, parecem ter medo uns dos outros, não há conversa, interação, sentimentos, apenas aguardam a sua condução chegar e seguir adiante, como nada estivesse acontecendo ao seu redor.

E dessa maneira segue o ritmo da vida nas cidades grandes, entre multidões e ao mesmo tempo sós.

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 07/10/2009
Código do texto: T1852339
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