Estou ficando velho e você?

O peso da idade

Os folguedos e felizes anos da infância e da juventude há vários anos que, depois de me dar adeus, viraram suas costas e foram embora habitar a minha memória. De lá, de vez em quando saem para me lembrar das traquinagens e das inconsequentes brincadeiras que tive a ousadia de cometer, quando ainda era moço. Mas o certo é que a meia idade que agora me encontro, ainda que a contragosto e minha total, absoluta, total e irrestrita indignação, parece já arrumar as malas para tomar o mesmo caminho pela infância e a juventude, ou seja, a estação memória.

Os sinais inequívocos de quem parte vem me chegando a conta-gotas, porém de pingo em pingo, já começam a me inundar.

Algumas coisas que antes eram fáceis começam a apresentar graus de dificuldades difícieis de transpor, por ex., os números de novos telefones de pessoas queridas, já tenho por bem digitá-los rapidamente na agenda do celular, pois senão, corro o sério risco de esquecê-los para o todo sempre e amém; a consecucção do vital, prazeiroso e necessário ato amoroso com a concubina, recebe uma “ajudazinha azul”, um milagre não vindo do céu, mas sim (pasmem vocês), das mãos e do sorriso irônico e meio debochado, de um atendente de farmácia; e já começam a comemorar o cinquentenário, não de idade, mas sim de morte, de alguns cantores sempre gostei!

Aliados á esses novos desprazeres da nova idade que se avizinha, uma dorzinha chata na altura do “cóccix” e um “ comprimidinho”, depositado religiosamente debaixo da lingua, que segundo o homem de branco que o

Não é uma “óstia”, mas é importante para a minha vida e principalmente para o meu coração, se eu não quiser morrer tão jovem (?) de infarto.

É importante deixar registrado também que, o sono, vejam vocês, deu pra fugir de noite e voltar durante o dia; por isso não é raro uma das crianças chamar-me atenção para o fato de que estou cochilando “in the morning”.

Mas o que mais incomoda são os nomes dos amigos, principalmente daqueles que de vez em quando eu encontro na fila do banco, em dia de receber o pagamento. Eu vejo seus rostos, eu sei quem são e até me lembro de coisas e acontecimentos sobre eles, mas inexplicavelmente, parece-me que eles não tem nome. Eu me esforço, eu balbucio vogais, consoantes, mas de nada me servem. Seus nomes foram mandados antecipadamente para a estação memória (aquela que falei no primeiro paragráfo!).

Bem e pior do que esquecer os nomes só tem uma outra coisa que dói mais!

Ai meu Deus do céu, esta é a pior delas, as coisas que conto ou escrevo, me esqueço que contei ou escrevi, e conto de novo e sempre a mesma coisa!

Alguns tem paciência, outros não,...... Eu quero dizer pra vocês que os folguedos e felizes.....