O Riacho

A princípio, quero apenas caminhar por esse belo e tranquilo espaço, e, depois, ir de encontro ao riacho, que percebo, está bem próximo do lugar por onde passeio... Já ouço o seu suave sussurro, entre os rumores das pequenas aves que gorjeiam e das folhas que caem ao sabor do vento...
 
Ao vê-lo, apreciarei enternecida, o brando fluxo de suas águas perenes! Estenderei, emoldurando com sorridente olhar, os meus pensamentos - como um pássaro que migra a um longínquo lugar - para onde estivera noutrora...
 
Quando criança, passava as minhas alegres férias escolares, acompanhada pela amada vovó Áurea, no delicioso sítio dos meus queridos tios.

Naquele aprazível lugar, no doce convívio com a natureza, brincava feliz! Havia um pequeno riacho de águas muito transparentes, ladeado de pequenas árvores e canteiros sempre floridos... Ali, demorava muitas horas do dia, sentada à sua beira, e radiante, balançava prazerosa, os pés devagarzinho n'água... - que delícia! 

Quando era preciso voltar para a lida estudantil, ia despedir-me do riacho - tão meu amigo -, jururu e já saudosa. Mas, diante do meu desalento, vovó prometia que se eu alcançasse boas notas, retornaríamos nas próximas férias. Mais conformada, beijava aquela figura tão terna, com carinho, pedindo-lhe para que não se esquecesse da promessa...
 
Hoje, depois de algumas conquistas, sinto a necessidade de dar-me, outra vez, esse afável presente. Então, conceberei a imagem, do encantador riacho da minha infância, sentar-me-ei à sua margem e balançarei os pés... - devagarzinho e emocionada -, em suas águas ainda límpidas.
 
©Daura Brasil
São Paulo - 2006
 

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