Individualidade ou personalidade?

Já tivemos várias oportunidades de falar sobre individualidade, porém achei por bem aclarar dúvidas que possam surgir, com relação a essa matéria tão pouco explicitada pela literatura ou pela mídia, por conta da falta de informações concretas, vindas tanto pela filosofia, ou ciência, como pela religião. O engraçado é que, no fundo, esse assunto é muito simples, talvez por isso as pessoas achem dificuldades para explanar e para entender o seu significado, neste mundo tão materialista e complicado.

O homem, quando vivo, é o resultado da união entre um corpo espiritual e um corpo material, sendo que o primeiro é etéreo, invisível e imortal, possuidor de uma energia própria, capaz de emitir calor e vibrações infinitas, as quais comandam o corpo material, que é inerte, visível e perecível. Vamos exemplificar: quando o motorista entra em um veículo qualquer, colocando-o em movimento, ele está sendo o condutor de um elemento inerte, mesmo que possuidor da mais alta tecnologia, ou seja, o piloto está lhe “dando vida”, sem o qual o carro não passaria de um montão de aço, vidro, plástico, borracha etc., da mesma forma em que o corpo físico sozinho não passaria de um montão de músculos, ossos, água etc., com o nome de “cadáver”. Assim como o veículo possui motor, suspensão, carroceria etc. o físico também é composto de cérebro, aparelho digestivo, pele etc., mas que de nada servem se não houver um elemento energético que lhe dê vida e movimento. Temos então o espírito como o responsável direto pela condução do caminho a ser percorrido pela matéria, enquanto estiver viva, tanto pela boa ou má manutenção da sua saúde, da mobilidade etc.

Sendo o espírito o verdadeiro ser, que responde pelos seus atos (da mesma forma que o motorista), diremos que ele simplesmente é a legítima individualidade, que passa a ser o comandante das ações, tanto positivas quanto negativas, praticadas pelo homem-matéria, que passa a representar uma personalidade, possuidora de um nome, de um número de RG e de um CPF (assim como o carro tem placa e número de chassi). Quando surge o momento da separação entre os dois corpos (morte), o espírito volta à sua origem, enquanto a carne se decompõe; então o indivíduo (espírito) passa por um julgamento, correspondente aos seus “feitos” no mundo físico, e assim o veredicto determina qual passará a ser o seu novo nível espiritual, a partir daí, que poderá ser superior ou não à sua última posição em vida.

A permanência no mundo invisível poderá ser produtiva, o suficiente para a melhora da posição nos degraus da evolução, sempre de acordo com o livre arbítrio e as escolhas desse indivíduo, mas a verdadeira chance está na vida física, para onde o espírito retorna a reencarnar em novo corpo (personalidade), com novo nome, novo RG etc., sob as condições da sua nova posição espiritual, determinada pelo “Yukon”. Quando o corpo espiritual volta a se unir à carne, ele continua ligado ao mundo invisível, por meio de um innen (elo espiritual), que poderíamos conceituar como sendo uma partícula espiritual, determinadora do seu nível, que irá reger seu destino pela nova vida terrena. Esta partícula, que leva o nome de Yukon, será a intermediária das energias trocadas pelo sonen (razão, sentimento e vontade) desse indivíduo e as vibrações espirituais, tanto negativas como positivas – é por aí que a individualidade eleva ou afunda o seu nível, sempre na dependência dos próprios pensamentos, palavras e atos.

Ao final dessa mesma encarnação, esse espírito sujeita-se a novo julgamento, onde são pesadas e comparadas todas as atitudes positivas e as negativas que escolheu praticar em vida, muitas vezes fugindo da missão que lhe foi determinada, tornando assim a própria vivência em uma perda de tempo, jogando fora as oportunidades de crescimento e de salvação, para o enfrentamento do Juízo Final, que já está exercendo sua influência nos tempos atuais, a olhos vistos. Aí está a separação do joio e do trigo, onde muitas individualidades já começaram a desaparecer, sob o jugo das próprias máculas espirituais, enquanto outras, meritoriamente, serão guindadas a reencarnar como personalidades do futuro mundo novo, purificado e renovado.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 10/10/2009
Reeditado em 13/10/2009
Código do texto: T1858945