Baile de máscaras

Saímos de casa, e ao abrirmos a porta, parece que estamos entrando num baile de máscaras, e o que é pior sem estarmos convidados, forçados a participar a contra gosto, de algo que apenas nos faz perder a esperança, rapidamente voltamos e pegamos a nossa, afinal corremos o perigo de eventualmente sermos parados por um guarda, e autuados por infringirmos a regra, imaginem a cena e o absurdo:

- Sua máscara, por favor!

- Desculpe seu guarda, eu não uso!

- Como assim, não usa? É um indigente por acaso?

- Que isso seu guarda, está aqui a minha identidade.

- Eu quero saber de sua máscara e não da identidade! Alguém pediu a identidade pra você?

- Já disse seu guarda, eu não tenho!

- Pois então trate de arrumar uma, desta vez vou relevar, mas na próxima vai ver o Sol nascer quadrado!

Assustado, encontra na primeira esquina um camelô, fazendo promoção de máscaras de todos os tipos, de honesto, de corrupto, de bonzinho, de malandro esperto, de coitado, de sem-terra, de cansado, de bandido, de político, de otimista e claro, o mais procurado, o de palhaço. O que não falta é variedades, já pensou uma para cada dia? Legal né? Só se for para você, pra mim é a pura amostra de que caminhamos sem sabermos realmente que nós somos, precisando se esconder atrás de uma pessoa que mal conhecemos, as pessoas tem medo de serem ridicularizadas por serem verdadeiras, serem elas mesmas, essa é a essência da vida, cada um de nós, dentro dos seis bilhões, somos um, não existe pessoas iguais, nem os gêmeos tem a mesma personalidade. Por que então temos que nos mascarar? Precisamos agradar a quem, afinal? Posso estar vislumbrando um mundo em que nem os meus netos terão o prazer de usufruir. Mas pra que pensar dessa forma, cobrindo o meu rosto com a moldura de um pessimista? Também não vou sair com uma de “Steve Wonder” e dizer:

- Como o mundo é lindo!

Sim o mundo é lindo, a vida é linda, nós somos lindos, o problema são as nossas atitudes, o que estamos fazendo para destruir a tudo isso. Sinceramente, ás vezes tenho a vontade de ir numa dessas lojas especializadas e comprar uma para mim, uma bem moderna, que muda a expressão, conforme as circunstâncias. No entanto qual seria a minha contribuição para melhorar o nosso meio? Nenhuma! Em todo caso, vou arriscar a sair de casa assim mesmo, de cara limpa, sem medo de ser preso, achincalhado e mesmo condenado por não seguir as regras.

Você já adquiriu a sua?

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 13/10/2009
Código do texto: T1862919
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