À PRIMEIRA VISTA

Ele Cravou seus pés no chão quente e árido depois de tanto ser arrastado pela ventania dos dissabores rotineiros das histórias pelas quais passou. Fincou o cajado um tanto rôto e dobrou os joelhos a fim de suportar as tempestades que se aproximavam lentamente. Tal e qual um cego sorridente esperou tranquilo o silêncio da rua para poder atravessar até o outro lado. Era a paz e a segurança da calçada que procurava, algum caminho que o fizesse ter novamente olhos que viam o mundo ao seu redor. Era lume, sombra, luz e paciência.

Como consequência dessa singularidade imóvel, parou de procurar e aportou no cais da tão cansada esperança. Ali, observou o por do sol a arder e queimar as bordas da terra e aprendeu um pouco mais sobre construir a sua própria fé. Dia após dia. Noite após noite. A bandeira jazia incapaz no canto do barco. Sua paz empoeirada fora esquecida e guardava apenas um pedaço de luz no coração, aquele que abrigava os poucos e verdadeiros amigos.

Enquanto desatava as amarras e seguia rumo a solidão, avistou uma vela a tremular sentimento e vida. À frente, olhos dourados que o trouxeram de volta ao cais. Era a vida que voltava a soprar novamente vida em seus pulmões a pleno poder.