Rogimania

Rogimania*

Ai de mim, que tenho de andar em busca de um caminho que não seja uma linha reta, contentando-me com a idéia de que os caminhos sinuosos são sempre os melhores, para não se ter idéia do fim da jornada. Ai de mim repete para que me ouças, e não me descrevas como um ser totalmente destituído de espírito prático, contrariando ser o espaço mais curto entre dois pontos a linha reta; quem disse que eu quero o espaço mais curto? Não fora o apologista do nada como filosofia, o que não concordava com as teorias de Anaximandro e ria quando repetiam a frase de ficção de César à margem do Rubicon; creio em Suetônio, que do alto de seu ócio, contava as mazelas e os bastidores dos que faziam a história; jamais acreditando que Nero incendiara Roma, e vendo a fogueira ao longe - por que ao longe? - tocava cítara e declamava seus versos dissonantes; crendo mais em Josefina do que em Napoleão, cuja história vive mais da lenda, que da realidade mistificada dos arautos; o que considerava Saint Just um ladrão que deu certo e errado; Danton um aloprado e Robespierre um tímido e suicida (?) cujo discurso não passava de plágio...Que considerava que nem o Papa crê em Deus; por que caminharia em linha reta? Por que acreditar que o homem foi à lua, se Dalva insistia em dizer, que aquilo era coisa de americanos filhos da puta? Ai de mim, que tenho de andar em busca de um caminho que não seja uma linha reta, lembrando a cada momento, que um homem como Lavoisier foi guilhotinado em 1794.

*neologismo