Quem não canta, chora...
Esther Ribeiro Gomes
Mais um capítulo desta longa novela que foi a compra da minha casinha...
Era final de tarde e, para variar, encarei uma longa fila de banco (e dos idosos!)
Enfim, chegou a minha vez! Fui fazer uma transferência para pagamento de parte do imóvel que comprei e começou a malfadada ‘burrrrrrocracia’, cujo lema é:
- Se podemos complicar, porque vamos facilitar?
Forneci todos os dados necessários para efetuar a tal ‘ted’. Depois de conferir todos os números: banco, conta, cpf, etc, pergunta o caixa: A pessoa tem conta individual ou conjunta? Quase falei ‘individual’, mas ele me disse que se não fosse, o dinheiro voltaria para a minha conta.
Então o caixa falou para eu obter a informação correta e, enquanto isso, ele seguiria atendendo a fila, mas quando eu conseguisse, não precisaria mais ficar na fila. Enfim, de posse da informação, o caixa me chamou e quando recomeçou o atendimento, um senhor mal-humorado o interrompeu, dizendo que era a vez dele...
Aí o caixa, pacientemente, explicou que ia terminar o meu atendimento, que eu estava na frente, etc... Nesse momento, o mal-humorado amassou o papel da senha e jogou na cara do caixa!
Quando estava acabando o atendimento, eis que chega o tal homem junto com uma gerente e disse, com ar de triunfo: - Ele passou ‘ela’ na frente! E a gerente, muito grossa, começou a discutir com o caixa!
Nessa altura dos acontecimentos, confesso que perdi a calma e ‘rodei a baiana’, como dizem...
Ora, paciência tem limite! Falei tudo que estava entalado na garganta, que o tal sujeito era estúpido e mal educado, que tinha atirado o papel na cara do caixa, que eu estava farta dessa ‘ burrrrocracia’ idiota que as pessoas de bem que pagam seus impostos têm que se sujeitar e das inúmeras exigências que temos de cumprir, enquanto os bandidos de todos os níveis aí estão, impunes, nos roubando e nos aterrorizando!
Fiquei tão irritada, que abri a porta errada, pensando que era o banheiro!
Aí, pasmem, a tal gerente mandou dois seguranças se aproximarem de mim e um deles estava com a mão na arma (que estava na cintura), como se eu representasse algum perigo!
Não me contive e falei para ele: - Vai mostrar sua arma para os bandidos que vivem arrombando os caixas eletrônicos e arrebentando as portas de vidro deste banco (só neste mês foram duas vezes) e estão soltos por aí, rindo da nossa cara!
Então, eu me lembrei de uma música sertaneja que ouvi outro dia, intitulada 'Quem não canta, chora’... É o que vou fazer daqui para frente, na minha vida:
Cantar muito para não chorar de indignação! É como diz Zeca Pagodinho: ‘Deixa a vida me levar, vida leva eu’...
Bem disse Jean-Paul Sartre, o filósofo francês:- O inferno são os outros...