Livres.

Sou um cidadão livre, vivo minha vida do jeito que quero, faço minhas próprias escolhas, tenho livre arbítrio. Escolho a comida que vou comer o refrigerante que vou tomar, escolho se quero ser loiro ou moreno, escolho minha marca de jeans favorita, que time faz meu coração bater mais forte, decido qual escola de samba mais me agradou no carnaval passado. Sou eu quem decido quem vai ser o participante eliminado essa semana do Big Brother, posso decidir qual canal de televisão tem a programação que mais me agrada, qual tipo de shampoo deixa meus cabelos macios e sedosos. Aos domingos posso decidir entre Faustão e Gugu, Mesa Redonda e Bola na Rede.

Temos livre arbítrio para fazermos o que bem quisermos de nossas vidas.

A cada seis meses a televisão e o rádio me mostram novos cantores e novas tendências, e eu sou livre para escolher quais cantores e qual tendência serão meus favoritos dessa vez. Se você acha que essa é uma escolha fácil está completamente enganado, as bandas e os cantores são tão parecidos que fica difícil de saber quem é o melhor, bom na maioria das vezes mal da para saber quem é quem.

Sou livre para ser honesto ou corrupto, medico ou louco, bom ou mau. Embora as vezes ter a impressão de ser livre para escolher entre o bem e o mal, mas para escolher o bem. E o que é o bem e o que é o mal? Jesus é considerado o salvador da humanidade o Deus do perdão e da paz, mas quantas pessoas já não foram mortas em seu nome e em nome da santa igreja Católica. Há muito tempo um filósofo com nome de jogador de futebol falou que o difícil não era ser bom, mas saber o que é o bem.

Somos livres até onde a liberdade nos permite ser, mais ou menos como aquela mãe protetora que para ter sempre seu filho sobre controle se torna sua melhor amiga, “não me importa que você saia desde que você me fale aonde vai e com quem” liberdade assistida essa é nossa liberdade. Somos assistidos diariamente por câmeras de segurança, por impostos que declaramos, por taxas que pagamos, pelos bancos que temos contas, pelos nossos vizinhos, patrões, estamos na mira da televisão, das marcas de cervejas, das campanhas publicitárias.

A televisão me mostra um comercial de um banco que promete me completar, de um refrigerante que vai matar minha sede, de um tênis que me tornará um atleta, me diz que se eu usar um determinado desodorante irá chover mulheres na minha horta.

Posso ir ao shopping e escolher entre centenas de lojas qual delas tem a minha cara, qual delas me tornará um cara legal e descolado, as revistas especializadas me dão uns toques de qual grife usar para as pessoas gostarem mais do meu jeito de ser.

Posso ir ao Mcdonalds e escolher o meu hambúrguer preferido. Tanta liberdade me deixa confuso. Nossas vidas podem ser facilmente comparadas com o Mcdonalds, sim temos escolhas, podemos escolher do número um ao número oito, mas claro desde que sejam hambúrgueres.

Marcelo Ortiz
Enviado por Marcelo Ortiz em 04/07/2006
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