Esqueletos

Esqueletos

►Deveria existir um manual para se lidar com fantasmas, principalmente os que se apresentam em noites de insônia.

►A maioria deles tem predileção por interferir em forma de pesadelo assim que se começa a cochilar; outros preferem abrir porta de armário e até dominar o controle remoto da televisão.

►Desde dos anos 50 quando a Zenith Radio Corporation criou o primeiro controle remoto até o atual desenvolvido pela ITT Corp., que os insones são cada vez mais dependentes compulsivos do telecomando. Com ele criamos uma rotina paliativa que distrai a expectativa de dormir, embora os médicos aconselhem aos insones ficar longe de bons livros, bebida, cigarro, e principalmente que retirem a televisão do quarto. “Se estiver passando algum programa interessante, será difícil conseguir começar a dormir ou continuar o sono interrompido. Para alguns a televisão é hipnótica.” Eu acrescentaria retirar também o relógio, que a meu ver é um grande responsável pela manutenção da dona insônia. E caso a televisão permaneça no quarto, aviso que é de extrema importância manter o controle remoto fora do alcance de fantasmas.

►Com a pobreza de programação, em especial a noturna, não há muito o que escolher para assistir quando chega a insônia. Basta sintonizar em um canal de música ou no “Animal Planet” e ficar com o controle preparado para diminuir o som quando entrar o “reclame” a fim de não acordar a vizinhança. E assim, de acordo com a leveza do ser, programa-se o “sleep” e com a vigília distraída ela perde importância e sem stress se acaba adormecendo. Isso quando não se tem interferência do além, como me aconteceu esta noite.

►De repente a televisão entrou em modo de vídeo com um chiado infernal. Nenhum comando respondia no controle remoto. Como alternativa fui até a tv e passei para o modo TV e voltei para a cama. Assim que me deitei o volume foi ao máximo e nada de controle. Novamente de pé resolvi abrir o controle para trocar as pilhas. E quem disse que eu conseguia abrir aquela tampinha das pilhas?

►Dei um tapinha de leve, usei a ponta da caneta, um grampo de cabelo e nada. Como já passava das cinco e a minha irritação de mil, joguei o controle na parede para acabar com o problema. Foi quando a televisão que eu havia desligado ligou sozinha no seriado “Fear itself”.

►Restaram os esqueletos, do controle e desta que, com menos uma noite de sono, acaba de narrar o causo do “o assombroso caso do controle remoto”.

Soaroir de Campos

03/10/09