Explosão do Romantismo?!

Tão influenciável esta nossa gente é. (até quem bate no peito e nega esta possibilidade). É simples! Basta pensar em nossa sociedade. Qual é o idealismo? Casar-se e ter filhos. Como se este fosse o segredo, o único caminho para a felicidade.

As pessoas chegam até mesmo a idealizar o parceiro. O homem quer aquela mulher dos lábios de mel, totalmente idealizada, de tão idealizada torna-se intocável, inatingível. O grande “barato” é o neoplatonismo! Afinal, todo mundo prefere evadir-se no mundo das idéias do que encarar a realidade.

E por ser neoplatonico, a espera por algo inatingível torna-se belo na visão do novo romântico. O neoplatonico chega ao extremo de colocar o foco no sofrimento. A dor é linda para o romântico. Afinal, o “legal” é lamentar-se, não lutar.

O Romantismo é o típico movimento adolescente! De certa forma, covarde. Há uma completa evasão da vida, do tempo, do espaço, busca-se o sonho. A imaginação é levada às últimas conseqüências. Minha gente, quem imagina, não vive. Simples assim.

Recordando um pouco a história, qual era a grande “sacada” dos antigos autores? Forçar uma doença escrevendo com o pé no gelo. Claro, o “chique” era morrer de tuberculose. A morte é linda! Como diria nossa índia idealizada, Lindóia: “Antes a morte do que casar com quem não amo”. E ela deixa a cobra pica-la. Sim, porque suicidar-se não se limita apenas a dar um tiro na cabeça. As pessoas podem se matar aos poucos. E exemplos destes novos românticos têm aos montes: pessoas usando drogas ao invés de enfrentar as dificuldades da vida ou fumando para acabar cada dia mais com seu pulmão. Porque a “grande epifania da vida” é buscar a morte através de um enfisema pulmonar. “Sensacional”!

O típico romântico, por só idealizar, não buscar o concreto, entra no chamado Mal do século , estado de espírito depressivo. Estado este que expressa a maximização da incompatibilidade do eu com o mundo.

E então você me fala: “Sim, entendi seu ponto de vista. Mas cadê a tal da influência?”. Simples, minha gente. Basta olhar ao redor. Qual é o final de todas as novelas? O que tem nos filmes do Disney? A lavagem cerebral pró-romantismo é feita desde a infância. A Cinderela está feliz até o príncipe casar com ela? A Bela Adormecida só acorda com o beijo do suposto amor verdadeiro. E este amor é aquele cavalheiro perfeito, que, como diz o clichê, vem no cavalo branco e tudo. E ela só acorda porque também é idealizada: virgem, loira, olhos claros, rica, boa família, inteligente,...

Meu Deus! BOM DIA! No mesmo século XIX temos o Realismo. No Realismo temos amor também. Bentinho era completamente apaixonado por Capitu. Tão apaixonado que fica neurótico. Começa a achar que seu filho com Capitu lembra Escobar, cria fantasias para provar seu delírio. Total delírio, afinal Capitu era apaixonada por Bentinho desde a infância. Como ela seria capaz de fazer algo escuso com ele? Jamais!

Mas como boa barroca que sou, acabo por ter o ideal romântico também. Tenho intrínseca em mim essa dualidade do Barroco. Escola literária que, para mim, é personificada pelos geminianos. Apesar de tentar mudar o pensamento acabo por idealizar também, buscar o príncipe no cavalo branco. Escolho alguém, coloco no pedestal e tremo da cabeça aos pés só de pensar em colocar outro alguém neste mesmo patamar. É certo? Mais uma vez sou Barroca, cheia das perguntas retóricas! Mas, no momento, antes ser barroca do que romântica. Não faz meu feitio deixar a cobra me picar! Coloco a luz na felicidade, não na dor e por isso também procuro a evasão. Procuro por medo de cair totalmente, não covardia. Eu olho nos olhos da vida!

Patty Maciel
Enviado por Patty Maciel em 21/10/2009
Código do texto: T1879401
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