( A Apoteose de São Tomás de Aquino, pintada por Francisco de Zurbarán)



A Minha Quinta E Derradeira Crônica


      Ando esses dias com um angustiante pensamento de que crônica derradeira é como cerveja em final de encontro de bar, sempre derradeira, contudo, sempre queremos mais uma, isto posto, garçom fecha a conta, mas traz a quinta e derradeira crônica.

      Deparei-me estes dias com um ser diferente, destas diferenças que nos estimulam a passar horas intermináveis em meio a um duro debate de idéias, sabendo desde já que nem mesmo o melhor fundamento irá mudar o modo como este tipo de ser encara a vida, eis aí justamente a atipicidade desta disputa, uma disputa que já é sabido o ganhador, sempre sairemos derrotados, amassados muitas vezes não pela coerência de idéias, mas, muito mais pelo pesado e imbatível ego inerente a estes seres, pessoas como essas são a encarnação viva de São Tomé na terra, só acreditam naquilo que palpam e no que a ciência possa comprovar, tudo o que não é comprovado para estes, são mera especulações, conjecturas ou até mesmo delírios fantasiosos, a concretude é mais fácil de digerir, não precisa de vãos questionamentos, o martelo é martelo porque bate o prego na parede, e ponto final.
      Esperar da ciência todas as explicações e definições daquilo que não é palpável, do que é sentido, é uma forma de fuga, uma fuga na crença de nós mesmos, pessoas dessas quando acuadas em meio a um debate fervoroso, colocam a culpa daquela falta de questionamentos na pobre da ciência, colocar na ciência a culpa das angústias de nossas quase sempre falta de respostas palpáveis é se relacionar com o mundo que nos cerca analisando apenas os fatos, imaginemos o mundo como assim teorizou um tal de William em sua descrença nas vãs filosofias, essas vãs filosofias fossilizam nossas mentes, viramos marionetes a aguardar resultados bem sucedidos com aquelas cobaias brancas de fundo de laboratórios, abandonando assim o pensar, o indagar, independente de ser palpável ou apenas sentido.
      Quando um ser destes estiver na sua frente, aqui está um valioso ensinamento, ele não vai perder nunca, mesmo que passes horas demonstrando que o que ele não acredita é crível e embasado, a ciência está do lado dele e com ela todas as formas de mumificação de pensamentos e de controle social, peça penico, peça ajuda aos santos, especificamente a um poderoso recomendado para este tipo de aflitiva situação, São Tomas de Aquino, juntamente com os ensinamentos deste que a verdade são todas as coisas porque todas são reais, visíveis ou invisíveis, a verdade está nas coisas e no intelecto e ambas convergem junto com o ser, o “não-ser” não pode ser verdade até o intelecto o tornar conhecida, ou seja, isso é apreendido através da razão, chegando à conclusão que só se pode conhecer a verdade se você conhece o que é o ser, seres como esses não conhecem nem a si mesmos.
      Esta evocação de Aquino fará com que saiam deste debate com suas anteriores verdades imbatíveis, porém, com um grande sentimento de pânico e a exata certeza que não querem por muito tempo participarem de um debate tão impalpável e ao mesmo tempo aflitivo, retornam para casa, para continuarem martelando pregos nas paredes, pois,martelo é martelo, porque bate o prego na parede.
O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 24/10/2009
Reeditado em 23/10/2015
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