TV ABERTA PARA O VAZIO

A atual programação da TV aberta não acrescenta nada em nossas vidas. Estou atualmente de férias do trabalho e por conseqüência não me resta outra coisa a não ser ver televisão. Acordo por volta das 08:00h da manhã, ligo a TV e sou recepcionado pelos programas matinais de fofocas e inutilidades. Todos eles começam com uma frase para animar o seu dia. Dia desses, uma apresentadora começou o programa com a seguinte frase: “A esperança é um urubu verde”. Estranho. Não consegui entender. Imagine uma dona de casa ouvindo isso. O que tiraria de bom dessa frase . É um grande exercício intelectual. Lógico que entrou num ouvido e saiu no outro.

Fico zapiando até encontrar algum programa matinal que consiga ver. Paro num canal considerado informativo, mas para minha desgraça está passando um desenho horrível de uns ursinhos bonzinhos. Com certeza criança nenhuma vê aquilo. Continuo trocando de canal como uma roleta e caio na TV Câmara, e o que vejo? Sessões do plenário gravadas! Horrível. Continuo a busca e desemboco no Canal do Boi e está passando, é claro, um leilão de gado. A partir das 11:30h da manhã, melhora um pouco a programação, pois começam os telejornais e as notícias sobre esporte. Interessante que se você ver um telejornal não é necessário vê-lo novamente em outro canal. As notícias são sempre as mesmas nos próximos três dias. Às 14:45 h começam de novo os programas de dona de casa, abarrotados de fofocas, horóscopos, ensinamentos para se ganhar um dinheirinho no mercado informal, imposição para emagrecer e muita propaganda, mas muita mesma. Às 18:00h os telejornais voltam com as mesmas notícias da tarde, um porre! A imprensa cria situações de pânico para apreender a atenção dos telespectadores. Às 21:00h começam as podres novelas, completamente saturadas, e se não houver na trama um núcleo rico e outro pobre, com os pobres vencendo, não dá audiência. Ali é a redenção dos menos favorecidos, marginalizados e excluídos, em que na ficção, e só na ficção, os pobres conseguem vencer os ricos.

Nessas linhas percebe-se que a grande massa é intencionalmente alimentada de informação vazia, sem conteúdo, permanecendo mentalmente estagnada. Os telespectadores estão fora do ar, até que problemas técnicos de ordem ética e moral sejam consertados.