Família + Escola = Educação preventiva, não punitiva.

Família + Escola = Educação preventiva, não punitiva.

Algumas situações tiram nosso sono, nos envolvem tanto com indagações as quais sequer sabemos responder. Não porque somos pouco esclarecidos sobre algum assunto, mas porque toda a nossa capacidade , entendimento, maturidade torna-se insipiente ante aos fatos.

Sou mãe de filha adulta, tia de sobrinhos adolescentes, hoje adulta fui igualmente jovem, menina, e gostaria de entender melhor o que leva três meninos menores de dezesseis anos a filmarem um ato de sexo entre eles, explico melhor, dois praticam e um filma com o celular. Aconteceu aqui, em uma escola da minha cidade. O Brasil inteiro falou. Noticiou. O pequeno vídeo ficou na Rede Mundial de Computadores.

Sei muito das coisas da juventude, do pensamento do adolescente, e não estou aqui querendo apontar dedo para quem quer que seja: pais, escola, jovens. Quero apontar para cada um de nós, que de uma forma ou outra somos parcialmente responsáveis por toda ação que desencadeia a sociedade. Por exemplo, eu preciso formar instruir bem, coerentemente a minha filha para que nela as boas ações, o bom caráter se desperte e lá na frente quando for aplicar suas instruções e experiências possa contribuir na formação de outros cidadãos.

Impressionou-me não foi o fato de saber que meninos de quinze, quatorze, treze anos fazem sexo. Não, não sou idiota a esse ponto. Sei da urgência sexual que assola o adolescente. Estarreceu-me ver a patética cena pelo lado da banalidade. Em alguns momentos os “atores amadores” mudam de lugar para que a filmagem fique melhor, em dado momento o menino que pratica o ato, digamos arruma o rosto da menina para que apareça suficientemente bem no vídeo, observando o ângulo da tomada. Ela pelo seu lado participa em tudo, passivamente. Notei que os rostos dos meninos não é mostrado em nenhum momento. Há no fundo uma voz, que dirige a cena, de um dos meninos. E no fim, digamos assim há um murmúrio de conclusão de algo, uma aposta, uma ameaça, castigo, quem vai saber. Como que cumprida a meta. Puro exibicionismo? Somente uma inconseqüente brincadeira? Não creio.

Tudo muito banal, e realmente intrigante. Indago-me no que poderia levá-los, cada um a tal gesto, indago-me sobre que influências recebem quais suas orientações religiosas, o nível de diálogo familiar, o amor que os cerca. São tantas, inúmeras situações a serem observadas que podem quem sabe ser indícios de que algo definitivamente não vai bem nesse mundo tão globalizado de hoje.

Vejamos: Quem está realmente habilitado a ensinar (corretamente) orientação sexual nas escolas? E em que fase, nível da formação? E em casa, como devem preparar-se os pais para tal? Mas, trata-se a meu ver de ir mais além, não apenas um desvio sexual, uma má orientação ou falta de. É bem mais, é muito mais social do que imaginamos. Quando eles (meninos e meninas) se propõem a fazer sexo filmado, testemunhado, e divulgar essa imagem na Rede Mundial há certamente por trás disso muito mais que uma brincadeira inconseqüente. Há um envolvimento de valores morais, ou a ausência deles quiçá a distorção quer de qualquer instrução, ou quem sabe a repetição do que lhes é real. Banal. Penso ser um assunto que não deve calar em nós. Deve ser objeto das nossas reflexões, e razão para que enquanto sociedade possamos agir sempre, ou na maioria das vezes com coerência, clareza diante dos nossos jovens.

Para instruir não é necessário omitir, muito ao contrário informar é essencial. Mas formar, construir, despertar valores nos jovens isso sim penso ser o mais importante, se não os religiosos, os morais, exercitar os conceitos que indicam os melhores gestos, conscientizar, delinear perfis que saibam discernir o bom do ruim, o certo do errado, desenvolver o genuíno respeito por si e pelos outros, o convívio com as limitações. O NÃO dito com firmeza, o sim respaldado são ações responsáveis, afinal só indica o caminho quem realmente o sabe, só divulga boas idéias, bons conceitos quem os compreende e pratica. Na realidade, doamos aquilo que temos, sabemos, e às vezes sabemos muito pouco. Enquanto sociedade precisamos avançar nesse rumo. O futuro da nossa juventude pede isso urgentemente. Família, escola sociedade como um todo, temos nossas parcelas generosas de falha, certamente.

Saber o que o seu jovem faz, o que lê , ouve e/ou vê. Conhecer (de perto) suas companhias, participar de suas programações, sugerir, opinar, destinar um pouco do seu tempo a ele, ser sensível as suas inquietações, compreender o “ser” instável, emocional, se fazer presente. Indagar, provocar a reflexão, imprimir confiança, confiabilidade a relação. Ter ações preventivas e não punitivas. Estar perto. Faz uma grande, enorme diferença.

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 27/10/2009
Código do texto: T1889948
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