CRÔNICA DA MORTE ANUNCIADA

Um pedido de socorro pode vir de varias maneiras, pode até vir junto de um silêncio profundo.
Vemos frequentemente em nossos televisores imagens de pais aturdidos pela perca de seus filhos envolvidos com drogas, traficantes ou simplesmente por terem amigos com tais envolvimentos.
Para nossa tristeza os protagonistas de uma das mais recentes fatalidades noticiadas era filho de um poeta, ele inclusive em entrevista a Ana Maria Braga, recitou uma de suas poesias de alegria que segundo ele, fora transformada em versos de tristeza pelas circunstancias, ele contou da internação de seu filho, da recusa do plano de saúde e respaldada por lei, disse, mesmo que ironicamente que agora o Estado havia providenciado a internação de seu filho gratuitamente, digo ironicamente, pois ele sabe o preço altíssimo que fora pago pela dita “internação” de seu filho, o preço de uma vida.
Qual o valor de uma vida?
Eu assistia a reportagem e quando a apresentadora perguntou ao pai do assassino, ou deveria eu dizer paciente pelo fato do pobre coitado estar internado, o que seria de seu filho?
Eu respondi no ímpeto mesmo sabendo que não seria ouvido naquele momento: “Esquenta não Ana Maria este infeliz provavelmente há de escrever um livro intitulado, “EU MATEI UM ANJO”, vai vender muito, ele vai ficar podre de rico, vai pagar o tratamento em alguma clinica de rico e a menina que morreu... essa sim! Pobre coitada! Não tem recuperação, pelo menos nesta terra, pois a chance que ela queria para seu algoz ele não a deu”.
Após refletir pude analisar que realmente o protagonista de toda aquela tragédia anunciada era apenas mais uma das vitimas de nosso sistema, ele, que pelo fato de não ser um ator global, ou um cantor de sucesso, não teve as mesmas chances que nossos globais tiveram e tem, apesar de ter participado de alguns trabalhos na telinha segundo seu pai.
E quanto à sociedade?
Essa assiste estarrecida a cada notícia, a cada caso, e os políticos... Estes provavelmente sejam a causa de tudo, pois enquanto não houverem políticas publicas voltada para a questão das drogas, “licitas” e ilícitas, pois ao que tudo indica tudo tem começo no “licito”, nossos governantes deveriam exigir das empresas fornecedoras de drogas “licitas” que todas as suas vendas fossem condicionadas a um fundo de assistência as pessoas que necessitarem de tratamento, deve-se haver um controle de quantidade de produtos “lícitos” e nocivos a saúde que são vendidos em clubes, bares, supermercados, lojas de conveniências e afins e daí fossem cobrados uma porcentagem onde as classes mais baixas pudessem usufruir de assistência medica e tratamento contra as drogas, “licitas” e ilícitas.
Jovens morrem todos os dias, alguns por envolvimento direto e outros indiretamente ligados as drogas, “licitas” e ilícitas, mas fatos tal qual ao que ocorreu apenas foi noticiado devido à classe social dos envolvidos.
E enquanto isso nos quatro costados de nosso País, muito outros pedidos de socorro ecoam sem que sejam escutados e nesse recanto mais uma vez uso este espaço para que façamos uma corrente de ORAÇÕES e principalmente AÇÕES para que possamos promover e ampliar os muitos gritos de socorro que por ai ecoam.
Lembremo-nos, pois, que:
Poetas também somos.
E fica a aqui a pergunta:
E nossos filhos? Onde estão? Com quem estão? Para onde vão?

Marcelino Rocha
Enviado por Marcelino Rocha em 27/10/2009
Reeditado em 19/03/2010
Código do texto: T1890453