Eu, um livro aberto

Angélica T. Almstadter

Longe de pretender ser um manual de auto-ajuda ou um muro de lamentações sem fim, me pego muitas vezes babaqueando sem parar, coisas tantas que serviriam para uma ladainha sem fim, ou sermões coalhados de boas intenções. E são todas palavras e dissertações da minha alma; de mim para mim mesma, mas que acabam ganhando o universo da net.

Alguns dias minha alma passeia feliz, por que amanheço cheia de esperanças, independente de ter motivos ou não, em outros dias amanheço querendo morrer, num tédio sem fim. Mas nada é imutável, a alegria pode virar tristeza num minuto e a deprè passar num passe de mágica, tudo vai depender de como as coisas rolarem ao meu redor.

Sou um paiol de pólvora, sempre pronto para explodir, minha munição revolve meu peito, se agita pelas palavras e dispara quando meu pavio de emoções é aceso.

Posso ser uma arma letal, se disparada na hora da raiva, ou posso ser a bomba da paz, quando acesa no auge da discórdia, não tenho meios termos, nem meias palavras, vou às últimas conseqüências por que sou densa em tudo; atos e palavras. A vida pra mim não é uma coisa morna e sem graça, a vida em mim se agita e sempre produz novas sensações, novas visões, nada fica insosso, pelo menos não por muito tempo.

Não me guio e nem me baseio no gosto das outras pessoas, não sigo o que as outras pessoas fazem, sigo a minha intuição a minha emoção, boto no papel ou na tela o que me vem na hora em que me sento para escrever, sem prévia. É tudo na bucha! E quantas vezes essa minha maneira pessoal de escrever já não me custou críticas, alguém me disse que eu deveria ser mais impessoal nos meus escritos, e eu pergunto: Porque? Talvez eu não tenha aprendido a escrever de outra forma, ou talvez, e isso eles não sabem; eu me visto em muitas peles, para traduzir em palavras além do meu sentir, o que observo e absorvo de tantas outras palavras e experiências.

Assim, se parecer que estou no púlpito pregando, e no momento seguinte declamando sensualmente no seu ouvido; não se espante, essa sou eu, nas minhas muitas facetas. Não me conhecerás senão por essas muitas faces que desfilo, sem preocupação com que imagem possa estampar nas pupilas dos meus leitores.

Sou um livro aberto, com muitas histórias e muitas memórias. Sou um oceano de profundidade desconhecida até por mim mesma, sou de mim mesma uma estrangeira (digo sempre isso) e nem pretendo me descobrir por inteira, senão morre o prazer de me saber cada dia, numa nova pele.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 22/05/2005
Código do texto: T18917
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