La nave va

Fui assistir ao Trovador de Verdi meio desconfiado...Há muito tempo, não acredito em cantores líricos nacionais; a absurda propaganda em torno dos artistas se torna prejudicial...fazem grande promoção e quando se os assiste vem a decepção! De qualquer modo, fui e gostei do espetáculo. Apreciei muito o tenor e o baixo e, especialmente, o meio-soprano Maria Luisa Nave. Li um deboche no jornal que dizia "La nave va"; La nave veio e...abafou! Maria Luiza Nave empolgou como a cigana Azucena; fiquei empolgado e resolvi revê-la no Réquiem; lembrou-me muito a Giulieta Simionato, que eu tanto gostei na década de 50 e que, segundo informações, foi professora de La Nave. Não me decepcionei, mas a dona da tarde foi a soprano Leila Guimarães, brasileira residente nos Estados Unidos, constando ter vários prêmios, tendo cantado a Boemia com Pavarotti em Filadelfia. Belíssima voz, modulações perfeitas, graves firmes e agudos límpidos, boa extensão de voz e porte de rainha. Maria Luisa Nave fazia caretas e mexia a cabeça com indisfarçável ciúme...La Nave voltou a cantar uma barbaridade, mas, foi surpreendida com a performance da brasileira. Quando não cantava a soprano ficava numa atitude impassível, como se estivesse sentada no alto de uma favela vendo a vida passar...Chego à conclusão, de que os grandes cantores são brasileiros (!) - Caruso, Gigli, Björling, Callas, Tebaldi, Bartoli, Netrebko, Bidu Saião... - esta, tenho certeza de que é! O fiasco da tarde ficou por conta do tenor brasileiro; a velha história...No currículo todos aqueles títulos, mas na hora de abrir a boca... Além de desafinar atrapalhando as cantoras, em determinado momento cantou o que não devia, diante do espanto de todos.